segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Eleições 2020

...eleição;  processo pelo qual um grupo designa um ou mais de um de seus integrantes para ocupar um cargo por meio de votação. Democraticamente,
representando, processo que consiste na escolha de cidadãos para exercerem o "tal" do poder soberano, que tanto é cobiçado e encorajador; processo concedido pela sociedade, pelo povo, através do voto dos eleitores que compõem a sociedade, que compõem o povo; assim, cabe aos candidatos eleitos exercerem o papel de representantes da nação. 
A eleição pode se processar com o voto de toda a comunidade (sufrágio universal) ou de apenas uma parcela da comunidade, isto é, grupos restritos de pessoas que preencham certos requisitos económicos, sociais e culturais (sufrágio restrito). 
As pessoas com direito de voto (ou sufrágio) são os eleitores...
#dicionario Michaelis.

Olá leitor, (a), são exatamente 15h56m, portanto, boa tarde, que esteja tudo bem contigo.

Ontem, foi o 2° turno das eleições municipais 2020.
Mais de 147,9 milhões de eleitores estavam aptos a participar das Eleições Municipais de 2020. 
A votação aconteceu em 5.567 municípios. 
O pleito não ocorreu no Distrito Federal, em Fernando de Noronha e em Macapá (AP), cidade na qual a votação foi adiada devido às restrições no fornecimento de energia no estado.
Mais de 140 milhões de eleitores estavam aptos a votar.
Mais de 556 mil candidatos disputaram o voto do eleitor. 
Foram enviadas tropas da Força Federal para 613 localidades. 
Para o Jurista e Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, (STF), Luís Roberto Barroso, a Justiça Eleitoral, com o apoio das plataformas tecnológicas e das agências de checagem de notícias, venceu a batalha contra grupos hierarquizados que contratam mercenários digitais para disseminar notícias falsas e tumultuar o processo eleitoral.

Parabéns aos candidatos das campanhas eleitorais transparente ao povo.
A sociedade com certeza elegeu os candidatos capazes!
Vamos acreditar na sociedade né caro (a) leitor (a)?
Que as Políticas Públicas:
Educação,
Saúde,
Segurança Pública,
Saneamento básico,
Meio Ambiente,
Mobilidade urbana,
Transporte Público,
Habitação,
Assistência Social,
Enfim, que os candidatos eleitos se empenhem e foquem nas políticas públicas!

Que o povo, a sociedade, tenha serviços essenciais e de qualidade.

Parabéns especialmente aos voluntários, mesarios e todos os profissionais que fizeram que esta eleição municipal acontecesse.

Parabéns aos eleitos, sobretudo, não esquecendo que quem realmente merece os parabéns, são os eleitores que saíram do teu lar, em um domingo, para exercer tua cidadania, parabéns aos mais de 140 milhões de cidadãos, patriotas, que elegeram por 4 (quatro) anos o executivo e legislativo dos municípios brasileiro!

Avante contra a mentira e que a democracia prevalece.

#DitaduraNao, 
#elenao.

Tchau 👋
Atenciosamente, 
Jornalista Profissional com MTB, Daniel Soares de Macedo ✍️.

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

fato ou fake ⁉️

... publicidade que induz o contratante do empréstimo, de que ele ganhará, sendo, que no final, ele pagará duas vezes o que emprestou!
...🤦🏽‍♂️

Até quando o gado aceitará tudo calado?

Não podemos acreditar que a taxação e q privatização dará ao cidadão a oportunidade de realizar teus sonhos, acreditando, que talvez os sonhos quando realizados, deem a impressão de que foi fácil, rápido e com a ajuda do Estado social de direito!
Peço que clic no link abaixo caro (a) leitor (a), leia e comente, tua opinião é muito importante para a sociedade!
Pela atenção obrigado.
@danielsoares

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

leitura do dia...🧐

... quantos vivem de mentira dando a impressão que tua certeza é verdadeira,
Quando a gente enxerga as coisas não tapa o sol com a peneira...
#GuilhermeArantes

Olá caro (a) leitor (a), bom dia 🌦️, são exatamente 06h25m de uma gelada e chuvosa quinta feira do dia 19/11/2020.

Enquanto a pandemia da covid 19 só cresce, matando mais de 170 mil brasileiros, vamos vivendo, aliás, sobrevivendo, confesso que trabalho remoto é mais autónomo, estou gostando, de usar minha autonomia para administrar meu preciso tempo.

mesmo com o 2° turno estórico da eleição municipal de 2020, mesmo, assim, não quero te dar estas informações, mesmo sabendo que os candidatos ao segundo turno são: 
Guilherme Boulos do PSOL e o neto do Mario Covas, 
Bruno Covas, do PSDB.

Bruno Covas trata-se de câncer e está concorrendo novamente ao ofício de Prefeito da capital paulista, há impressão que da, não sei se concordará comigo leitor (a), mas , a impressão é de que ele está acostumado ao ofício de Prefeito, bom, como não sei nem da vida do prefeito da cidade de Carapicuíba aonde moro desde 1989, vou ter tempo de pesquisar a Estória de Bruno Covas, que não deixa de ser interessante conhecer a história deste tucano de juventude, como diz ele mesmo em entrevista a imprensa.

Contudo, não posso deixar de destacar que o então candidato a Prefeito Bruno Covas, nomeou quando era Deputado, um ex funcionário do DOPS, o departamento de segurança pública entre estas gerações, décadas, como queira chamar, 1960/1985
 em 2016, Bruno Covas, deputado, nomeou ao cargo de diretor executivo e presidente da Fundação Florestal ao ex funcionário do DOPS, Departamento de Polícia entre os anos de 1960 ao ano de 1985 Olavo Reino Francisco.

O Prefeito Bruno Covas, na época ex-secretário do Meio Ambiente e deputado, porquê, é incrível a quantidade de cargos e nada de carga horária!

Bruno Covas então deputado entre os anos 2016,  foi responsável pela nomeação do ex-delegado do DOPS entre os anos 1960/1985,  Olavo Reino Francisco, como diretoria executiva da fundação florestal na gestão de deputado do Bruno Covas.


Já no
DOPS entre os anos de 1979 e 198, Olavo Reino Francisco,
 foi responsável, entre outras ações, pela prisão de Luiz Gushiken,  ex-deputado e ex-ministro de Comunicações no governo Lula.

Só nos resta descobrir caro(a) leitor(a) se tal prisão foi arbitrária!
Afinal, prisões arbitrárias foram as que mais ocorreram na época em que queria o fim do habeas corpus, fechamento do congresso e STF, fim dos sindicatos, fim da revolução industrial e principalmente intelectual.
Talvez nós leitor, tanto você quanto eu, podemos ter nascido pouco tempo Depois, como eu que nasci em 1980, sobretudo, não podemos deixar a indignação, de ainda viver em um país em que atrocidades aconteceram e ninguém sabe!

Quero parabenizar os criadores da comissão da verdade, informar que o trabalho de vocês é importante para que seja esclarecidos assassinatos como do economista Stuart Edgart Angel Jones, o Jornalista Profissional Vladimir Herzog, entre tantos nomes importantes que podem ser lidos por estudantes de comunicação social no departamento de material do DOPS na secretaria de segurança pública da capital paulista.

Para quem tem interesse em se tornar um comunicador social profissional, basta, entrar para o curso nas universidades públicas e privadas do Brasil, conhecerá as teorias e técnicas de como fazer diferente do que é realizado.

Ler, ler e ler é muito importante para tornar-se um comunicador social, talvez a vantagem em se tornar um grande Jornalista ou qualquer outro comunicador social, talvez, q vantagem seja a leitura, e/ou o quanto você é capaz de ler.

Ler é o mais importante para se tornar um profissional reconhecido.

Ler, talvez, nos ensina e nos transforma em eleitores que conhecem o direito de principalmente, os deveres!

Sejamos capazes de conhecer nossa história e mudá-la, evoluída publicamente, como deve ser.

Por mais empregos, por mais políticas públicas que garanta a vida de todxs, ...

Confesso caro (a) leitor (a) que talvez seria melhor ter apenas o essencial para sobreviver , mas, não deixando de sonhar e realizar, afinal, para os solteirões como eu:
Talvez o melhor seja realizar sonhos, querer ser o melhor, se especializando, fazendo cursos e acima de tudo, aprender na heutagogia a capacidade, a autonomia como forma de aprender .

Quero agradecer meus professores, doutores e mestres mo desenvolvimento do meu aprendizado numa pós graduação, embora eu não estudasse desde 2007, quando iniciei a licenciatura em História.

Quero agradecer especialmente você caro (a) leitor (a), por ler meus textos; sem você meu trabalho seria monótono, incapaz de me satisfazer profissionalmente.

Até uma próxima oportunidade de expressão deste Jornalista Profissional Registrado, chamado de Zé Povinho, fofoqueiro, mentiroso, contador de estórias, maluco, e louco pela família!

Só não agradeço aos que me assediam, ...

Tchau 👋


terça-feira, 10 de novembro de 2020

Apartheid à brasileira: como a falácia da democracia racial escondeu o racismo das leis.

No Brasil, a gente caiu no conto da democracia racial, um mito popularizado pós-período escravagista. Enquanto isso, aprovamos leis racistas cujos reflexos são sentidos diariamente.

Por: Cecília Olliveira

‘NO BRASIL, NÃO HOUVE APARTHEID’.

Essa é uma frase comum de se ouvir vinda de quem quer explicar que, por estas bandas, não aconteceu nada similar ao que ocorrido na África do Sul ou nos Estados Unidos, onde a discriminação estava nas leis e em placas que segregavam pessoas negras. Escolas, empregos, votos. Preto sai, branco fica.

Quando assisti o documentário “13º Emenda“, minha sensação era: aqui também! Aqui também! O título se refere à emenda da Constituição dos EUA que aboliu a escravidão no papel. E só no papel.

O documentário mostra como é a vida dos afroamericanos, analisando a correlação entre a criminalização da população negra e o boom do sistema prisional do país. E tudo o que vem no meio disso.

No Brasil, a gente caiu no mito da democracia racial, popularizado pós-período escravagista que cunhava a “paz entre as raças”.

Essa ideia, junto com a fábula do “povo cordial”, consolidou a ideia falaciosa que o Brasil era uma espécie de “paraíso mestiço”. Muita gente ainda está enredada nesse conto de fadas. Isso fica particularmente evidente em novembro. O Apartheid à brasileira é assim: no discurso, democracia racial; na prática, açoite disfarçado de lei e ordem, como você lerá abaixo.


Caso de polícia.


Em 1822, o Brasil declarava independência de Portugal, e o comércio escravagista entrava em declínio. Havia no Brasil muita gente preta na rua, sem emprego e com raiva por tudo o que havia sofrido. E isso apavorava as elites. Como conter essas pessoas?

Para começar a resolver o problema, foi publicado o Código Criminal do Império, de 1830. Ele estabelecia, ao mesmo tempo, o controle e regulação da vida de pessoas negras nas cidades e colocava obstáculos a insurreições ou revoltas. A insurreição foi criminalizada, e pessoas livres que encabeçassem os levantes eram punidas. A mendicância e vadiagem também viraram crimes. Imagine que você não tem nada, mas também não pode pedir. E nem perambular em busca de comida. A primeira Constituição, de 1824, também se fundou na escravidão.

Decreto nº 145, de 11 de junho de 1893, que determinava a prisão de mendigos, vagabundos, vadios capoeiras e desordeiros em colônias fixadas pela União ou pelos estados;
Decreto nº 3475, de 4 de novembro de 1899, negava o direito a fiança a réus vagabundos ou sem domicílio e autorizava incursões policiais sem controle judicial, especialmente em regiões onde havia mais negros.
Lei nº 4242, de 5 de janeiro de 1921, que fixou a idade penal aos 14 anos e autorizou a criação de um serviço assistencial às crianças abandonadas;
Código de Menores, de 1927, que criou a categoria do “menor infrator” – na prática, consistiu numa justificativa moral para reprodução de representações estereotipadas de meninos negros.
Já o Código Penal e Processual Penal de 1940 e 1941 nasce sob a luz do mito da democracia racial, da identidade nacional e tenta versar sobre igualdade, mas mantém a discriminação e a desigualdade. No Rio, de 1938 a 1969, o número de presos condenados no sistema penitenciário passou de 3.866 (3.790 homens e 76 mulheres) para 28.538 pessoas (27.726 homens e 812 mulheres).

No Estado Novo, a Frente Negra Brasileira foi posta na ilegalidade; e ativistas negros; perseguidos e criminalizados. A capoeira e o candomblé eram fiscalizados e monitorados.Só neste ano, a Polícia Civil do Rio de Janeiro devolveu objetos sagrados para as religiões de umbanda e candomblé, apreendidos entre 1889 e 1945. E foi a primeira a fazer isso. Na ditadura militar, bailes e outras manifestações culturais da comunidade negra foram combatidos.


Com a Constituição Democrática de 1988, “segurança pública” passou a ser um direito social pela primeira vez. Mas, na prática, não deu um novo formato às polícias, que foram ficando cada vez mais militarizadas. A polícia seguiu agindo como agia antes da democratização, como grupos de extermínio. Há incontáveis casos, como as chacinas de Acari, Candelária e Complexo do Alemão, no Rio; no Crespo, em Manaus; em Messejana, no Ceará, além do massacre do Carandiru, em São Paulo. A maioria das vítimas desses massacres era negra.

Em 2018, os negros representaram 75,7% das vítimas de homicídios, mesmo sendo pouco mais da metade da população brasileira. Isso é ainda pior nas regiões Norte e Nordeste. Roraima foi o estado com a maior taxa: 87,5%. Em dez anos, assassinatos de negros aumentaram 11,5%. Os de não negros caíram 12,9%.

Os negros também são a maioria no sistema carcerário, cerca de 64%. Um terço deles sequer foi condenado ainda, são presos provisórios. Muitos deles estão atrás das grades com base na lei de drogas, aprovada em 2006 e que não prevê critérios objetivos de diferenciação entre usuário e traficante.

A lei de drogas acabou por reforçar a ideia racista de Nixon, o ex-presidente norte-americano que instituiu e exportou essa política mundo afora. John Ehrlichman, o então chefe de política doméstica dos EUA, admitiu, em 1994, para o jornalista Dan Baum o real teor da política de drogas ao afirmar:

“Na campanha presidencial do Nixon em 1968, e depois na Casa Branca, nós tínhamos dois inimigos: a esquerda anti-guerra e as pessoas negras. Entendeu? Sabíamos que nós não podíamos criminalizar quem era anti-guerra ou negro, mas convencendo a população a associar hippies à maconha e negros à heroína, e depois criminalizando fortemente os dois, poderíamos desestabilizar ambas as comunidades. Poderíamos prender seus líderes, invadir suas casas, impedir suas reuniões e caluniá-los todas as noites nos jornais noturnos. Sabíamos que estávamos mentindo sobre as drogas? Claro que sim.”

Não há como descolar essa realidade de um sistema de investigação mambembe, que se escora no racismo, lá e cá. Mais recentemente, pessoas negras têm sido acusadas e condenadas com base em fotografias antigas, retiradas de redes sociais e que sequer deveriam estar de posse da polícia. Após vários “erros” serem divulgados, o STJ interveio e decidiu que reconhecimento por foto não serve para embasar condenação.

Mas como vimos ao longo dos anos, um canetaço não basta. Precisamos parar de acreditar que uma assinatura resolve as coisas. As pessoas que alimentam este sistema precisam ser responsabilizadas diretamente; e as políticas reparadoras, estabelecidas. O caminho ainda é longo.

O deputado federal Celso Russomanno, candidato pelo PP ao governo de São Paulo, durante entrevista para a TV Estadão, na sede do Grupo Estado, na zona norte de São Paulo.

disse não haver diferença entre brancos e negros no Brasil.

Normas eugênicas


Celso Russomanno, candidato a prefeito de São Paulo, uma das maiores cidades da América Latina, disse há poucos dias:

“Fui criado por uma mãe de leite negra. Não vejo diferença entre negros e brancos”. Ele também lançou os clássicos “tenho um amigo negro” e “namorei uma negra” para criticar uma ação no Dia da Consciência Negra. Durante muitos anos, foi comum ver em anúncios nos jornais a busca por “preta, com muito bom leite, prendada e carinhosa”. O tempo passou, e o racismo ficou.

Negros têm menos acesso às escolas e às universidades, menores salários, menos mobilidade social, menos acesso a serviços de saúde, crédito imobiliário e cargos em postos de destaque em grandes empresas. Mesmo sendo a maioria da população brasileira, por que isso acontece?

Aqui temos uma ideia:

Ainda na Primeira República, o Decreto nº 528, de 28 de junho de 1890, sujeitava à autorização especial do Congresso a entrada de pessoas vindas da Ásia e da África. O objetivo era clarear a população.
Em 1921, deputados propuseram uma lei que determinava: “fica proibida no Brasil a imigração de indivíduos humanos das raças de cor preta”. Dois anos depois, foi apresentado projeto que dizia: “É proibida a entrada de colonos da raça preta no Brasil e, quanto ao amarelo, será ela permitida, anualmente, em número correspondente a 5% dos indivíduos existentes no país”.
Anos mais tarde, o Decreto-lei nº 7.967/1945, sobre a política imigratória do Brasil, estabelecia que o ingresso de imigrantes no país deveria se dar observando “a necessidade de preservar e desenvolver, na composição étnica da população, as características mais convenientes da sua ascendência europeia”.
O ideal de tornar a população gradativamente mais branca era atrelado à ideia racista de superioridade dos brancos. A Constituição de 1934 garantia o ensino primário gratuito, mas determinava, em seu artigo 138, “estimular a educação eugênica” – o governo estava apostando no “aperfeiçoamento da raça”. A educação das pessoas brancas era priorizada. O pensamento da época era de que eles se misturariam com a população brasileira, que era preta demais.

Essas políticas que favoreciam imigrantes brancos europeus nos coloca de cara com outra falácia: “Ah, mas meu avô veio da Itália. Era pobre, trabalhou muito e venceu!” Não é difícil escutar isso de quem tem o intuito de dizer que negro é preguiçoso. Não quis trabalhar como os imigrantes europeus.

Esse raciocínio não leva em consideração que os europeus vinham ao país a convite, com a viagem paga – e não como mercadoria –, recebiam terras e “bolsas” do governo. Não era só se esforçar.A elite que, pressionada, votou o fim da escravidão, fez tudo o que pôde para evitar a reforma agrária, enquanto os donos de terras e escravos no Brasil foram indenizados para seguir a vida depois desse “baque econômico”.

As pessoas negras não eram bem-vindas e não tinham o mesmo acesso a escolas e à propriedade. Prova disso são as lutas por posse de terra de quilombolas que ainda não teve fim. Há alguns dias um quilombo na Bahia venceu na justiça uma queda de braço de meio século contra a Marinha. A alegria durou pouco. Houve recurso e até o acesso à água da comunidade local foi cortado. O ciclo da história não foi quebrado. Ele mudou de roupagem. O que disse Joaquim Nabuco, há mais de uma centena de anos, segue valendo: “Não basta acabar com a escravidão. É preciso destruir sua obra”.

fonte: The Intercept Brasil.

segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Algo mudou no Brasil

Imagine uma vítima de violência sexual que passa dois anos denunciando seu agressor sem que nada aconteça. Imagine também que em meio a sua luta por justiça, ela é humilhada, agredida e desrespeitada por quem um dia jurou defender a lei e os direitos humanos. 

Essa é a realidade da promotora de eventos Mariana Ferrer, que desde 2018 denuncia ter sido estuprada pelo empresário André de Camargo Aranha. Na semana passada, Mariana finalmente foi ouvida. 

A reportagem do Intercept sobre o caso parou o país. Em poucas horas o vídeo que mostra a violência a qual Mariana foi submetida durante uma audiência se espalhou e foi visto por milhões, causando indignação, mobilizando manifestações de apoio à jovem e expondo uma realidade que afeta todos os dias as mulheres brasileiras. Furamos todas as bolhas e conseguimos fazer com que todo mundo, do STF aos veículos de imprensa, de deputados a artistas, jovens e idosos, todos olhassem para aquela situação e pedissem justiça. O caso de Mariana, graças ao jornalismo, não será mais um em que a vítima é esmagada por nosso sistema penal. Não será mais um caso em que a vítima será "culpada" pela violência que sofreu. 

A reportagem de Schirlei Alves revelou imagens revoltantes, expôs a conduta desrespeitosa, para dizer o mínimo, de Cláudio Gastão da Rosa Filho, advogado do réu, e mostrou como vítimas de crimes sexuais são tratadas no país. Mariana não é a única e por isso essa matéria teve uma repercussão inédita na história do Intercept. 

Na terça à noite o texto já havia sido lido por milhões. "Estupro culposo", expressão que resume a absurda tese do promotor ao defender a absolvição de Aranha, argumentando que o acusado não tinha como saber se Mariana estava em condições de discernir ou de oferecer resistência ao ato sexual, dominava as redes sociais e foi repercutida por praticamente todos os veículos brasileiros. Vimos incrédulos o Jornal Nacional exibir um material produzido pelo TIB — vocês sabem que isso não aconteceu nem na Vaza Jato. Jornais e sites nos Estados Unidos, Espanha, Portugal e França também noticiaram — para citar apenas o que nós vimos. Atos foram realizados no Brasil e em outras capitais pelo mundo levando milhares de pessoas às ruas. Pesquisadores, criminalistas, jornalistas, professores, juízes escreveram sobre o caso, seus desdobramentos e, claro, fizeram críticas ao nosso trabalho, o que é parte do jogo quando você produz o tipo de jornalismo que nós produzimos. Tudo muito bem-vindo, porque o jornalismo existe pra isso: para mobilizar a sociedade, denunciar malfeitos, promover justiça, mudar o mundo. 

Na Câmara Federal, grupos de deputadas protocolaram dois projetos de lei: o 5091/20, que tipifica o crime de “violência institucional” praticado por agente público — com pena de três meses a um ano de detenção e multa; e o 5960/2020, que veda qualquer parte envolvida e o juiz de se manifestarem sobre fatos e provas que não estão nos autos. A Comissão Nacional da Mulher Advogada da OAB Nacional repudiou a condução da audiência e pediu a apuração da ação ou omissão de todos os agentes envolvidos. O ministro do STF Gilmar Mendes classificou como “tortura” a humilhação promovida contra Mariana e pediu investigação. A Procuradoria da Mulher do Senado vai pedir a anulação da sentença que inocentou Aranha.  

Testemunhei nos últimos dias milhares de mensagens, vídeos, charges de apoio a Mariana e ao nosso trabalho. Algo mudou de terça-feira pra cá e foi o jornalismo o motor dessa mudança. Pela primeira vez vi um caso de violência sexual mobilizar tanta gente e do jeito certo. 

Histórias como essa são sempre difíceis de reportar. Porque expõem as vítimas e podem causar sérios danos a elas. A gente nunca sabe como será a repercussão e o que ela pode gerar. É preciso muito cuidado e paciência. Há pouco tempo, trabalhamos exaustivamente nos casos relacionados ao produtor Gustavo Beck, aquela história que foi marco do movimento Me Too no Brasil. A repercussão também foi enorme, especialmente fora do país, e ficamos felizes de ver que as vítimas não foram publicamente questionadas. O jornalismo cumpriu seu papel e o fez da melhor maneira possível.

O caso de Mariana tomou outras proporções e foi muito, muito bom perceber como foi positivo o retorno da sociedade. A vítima foi respeitada, acolhida e a ela se juntaram milhões pedindo justiça. Como afirmei na nossa newsletter de sábado junto com o editor Alexandre de Santi:

"Em meio a tanta dor, traz alento perceber a união formada em torno dessa ideia simples e poderosa: se uma mulher for estuprada, jamais será sua culpa, e muito menos podemos consentir com a tese de que alguém pode cometer um ato sexual sem ter plena certeza de que a mulher consentiu. Não existe estupro culposo."

Quis escrever para trazer um balanço dos impactos desse caso para você. Os primeiros dias foram muito intensos e talvez você não tenha conseguido acompanhar tudo. Eu também quero agradecer a cada pessoa que lê, compartilha, espalha e defende o trabalho do Intercept. Milhões de novos leitores chegaram no site na semana passada, mas você faz parte do nosso time há um tempo e sabe que reportagens assim estão no coração do TIB.

Fazer investigações de grande impacto e responsabilizar pessoas com poder para se safar da justiça é a nossa missão. O Intercept não tem rabo preso, não tem acordo com governo, com empresas, com juízes. Nosso único compromisso é com nossos leitores e com cada pessoa vítima de injustiça. Essa independência e coragem nós devemos a pessoas como você, que nos apoiam todos os dias, doando e nos protegendo dos ataques daqueles que querem nos parar.

Por Paula Bianchi ✍️