quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

Morre cientista Luc Montagnier, Nobel de Medicina e descobridor do vírus da aids

 Luc Montagnier, cientista que descobriu o vírus da aids, morreu nesta terça-feira (9) em um hospital no subúrbio de Paris. O francês tinha 89 anos e recebeu o Nobel da Medicina em 2008.

Nos últimos anos de vida, foi alvo de denúncias de colegas de profissão por teorias conspiratórias, sobretudo relacionadas à Covid-19.

Montagnier e Françoise Barre-Sinoussi dividiram o Nobel em 2008 por seu trabalho no Instituto Pasteur, em Paris, ao isolar o vírus da imunodeficiência humana (HIV). Sua conquista acelerou o caminho para testes da doença e medicamentos antirretrovirais que mantêm o patógeno sob controle.

A aids (síndrome da imunodeficiência adquirida) chegou ao conhecimento público pela primeira vez em 1981, quando médicos norte-americanos notaram um grupo incomum de mortes entre jovens gays na Califórnia e em Nova York.

Montagnier teve uma rivalidade com o cientista americano Robert Gallo em seu trabalho inovador na identificação do HIV no departamento de virologia que criou em Paris em 1972. Ambos são creditados com a descoberta de que o HIV causa a aids, e suas alegações levaram por vários anos a uma disputa legal e até diplomática entre a França e os Estados Unidos.
 
O trabalho do cientista começou em janeiro de 1983, quando amostras de tecido chegaram ao Instituto Pasteur de um paciente com uma doença que destruiu misteriosamente o sistema imunológico. Mais tarde, ele lembrou a “sensação de isolamento” enquanto a equipe lutava para fazer a conexão vital.

“Os resultados que tivemos foram muito bons, mas não foram aceitos pelo resto da comunidade científica por pelo menos mais um ano, até que Robert Gallo confirmasse nossos resultados nos EUA”, disse ele.

O júri do Nobel não mencionou Gallo em sua citação. Em 1986, Montagnier dividiu o Prêmio Lasker — o equivalente norte-americano do Nobel — com Gallo e Myron Essex.

Em 2011, para marcar 30 anos desde o aparecimento da Aids, Montagnier alertou para os custos crescentes do tratamento dos 33 milhões então atingidos pelo HIV.

“O tratamento corta a transmissão, isso é claro, mas não a erradica, e não podemos tratar todos os milhões de pessoas”, disse ele à AFP.


Montagnier nasceu em 8 de agosto de 1932 em Chabris, na região de Indre, no centro da França. Depois de chefiar o departamento de Aids de Pasteur de 1991 a 1997, e após lecionar no Queens College, em Nova York, Montagnier gradualmente se desviou para as margens científicas e se tornou um personagem controverso.

Ele repetidamente sugeriu que o autismo é causado por infecção e montou experimentos muito criticados para provar isso, alegando que antibióticos poderiam curar a doença. Surpreendeu muitos de seus colegas quando falou da suposta capacidade da água de reter uma memória de substâncias. E acreditava que qualquer pessoa com um bom sistema imunológico poderia combater o HIV com a dieta certa.

Montagnier apoiou as teorias de que o DNA deixou um traço eletromagnético na água que poderia ser usado para diagnosticar a aids e a doença de Lyme. Também defendeu as qualidades terapêuticas do mamão fermentado para a doença de Parkinson.

Ele repetidamente assumiu posições contra as vacinas, recebendo uma reprimenda pungente em 2017 de 106 membros das Academias de Ciências e Medicinas.

Durante a pandemia de Covid voltou a destacar-se, afirmando que o coronavírus foi feito em laboratório e que as vacinas foram responsáveis pelo aparecimento de variantes. Essas teorias, rejeitadas por virologistas e epidemiologistas, o tornaram ainda mais um pária entre seus pares, mas um herói para os anti-vaxxers franceses.


Redação da Agência Aids com informações:
 https://agenciaaids.com.br/noticia .
Colaboração Jornalista Profissional Daniel Soares ✍🏼.

Nenhum comentário:

Postar um comentário