terça-feira, 1 de novembro de 2016

Resiliência

Boa noite
Sabe que mesmo com meus erros não perco a vontade de exercer meu ofício; não perco a vontade de fazer o que mais amo, que é escrever.
Claro que pra isto fiz faculdade de Jornalismo, não que isto tenha me feito ser excelente na escrita, sobretudo, aprendo a cada dia.
Mesmo assim, confesso que não sei fazer outra coisa a não ser escrever!
Portanto, estou eu aqui assistindo o programa ofício em cena com a atriz Drica Moraes e aprendi muito com ela.
E foi com esta entrevista que decidi escrever agora.
Sendo telespetador da entrevista,  me remeti à um passado feliz.
Era Outubro de 2009 e cheio de frustações e descrente de muito, decidi não desistir e usei como lema o termo : Levanta sacode a poeira e de a volta por cima.
Sai em busca do meu espaço e foi assim que entrei na multinacional Diebold.
Tinha um salário ótimo, conheci gente "do bem" e foi naquela empresa que um dia ao chegar no trabalho,  recebo uma ligação de minha mamãe desesperada pois meu pai tivera outro infarto.
Fazia um tempo que não o via e desligando o telefone trabalhei aquele dia com dor no peito.
Achei que não valorizava e nem estava muito presente na vida do meu pai e aquilo me fazia mal.
Mesmo assim trabalhei até o final do meu expediente e saindo dali corri para a casa dos meus pais e chegando na cidade aonde mora meus pais um turbilhão de emoções me tocou, sobretudo, o cheiro da cidade.
Cheiro de um passado inocente, apaixonante,  cheio de descobertas e um amor único.
Ao entrar no quarto e ver meu pai o abracei e me desculpei pela minha ausência.
Ele me olhou com os olhos cheios de lágrimas e foi ali que percebi que a única coisa que eu realmente era para ele era um filho.
Ele não me via como o profissional que escolhi ser e nem como o ser que EU sou!
Conversamos e saindo do quarto passo pela sala e vejo minha mãe na cozinha.
Uma mãe mais velha, sofrida, acabada emocionalmente e sem a vitalidade que a deixei quando sai de casa, para viver minha vida.
Com meus olhos cheio de lágrimas abracei -ia e implorei que me disesse o que poderia fazer por eles.
Claro que ajudava-os a minha maneira, e mesmo assim me sentia egoísta.
Foi ai que conversando com ela, descobri que a condição financeira deles não era boa.
Mamãe dizia que mesmo com a ajuda dos amigos da igreja os remédios para o coração de papai ainda faltava.
Foi ai que descobri que aquela força que me deu ao ir atrás do meu trabalho na Diebold não tinha sido em vão e que tinha que ser daquela forma para que eu pudesse proporcionar ao meus pais os remédios que precisavam.
Com um dos benefícios que a empresa me dava, no dia seguinte cedo fui à farmácia e comprei todos os remédios que o médico cardiologista havia prescrito.
E assim fiz até o final do meu contrato com a empresa.
E não me arrependo de ter proporcionado ao meu pai mais um tempo comigo.
Ele hoje está melhor,  forte e trabalhando muito.
E após este acontecimento não o abandonei mais.
Concluindo, decidi a partir daquele momento esquecer as mágoas e palavras que um dia me machucaram ao saírem da boca do meu pai, todavia, descobri que na hora da raiva falamos coisas desagradáveis mesmo!
E tudo isto me fez perceber que sou igual a ele.
Como dizem: Sou ele esculpido em Carrara.
Hoje não estou num bom momento,  porém,  quando lembro deste acontecimento me sinto melhor e melhor ainda vendo meu pai saudável e feliz.
Hoje se sentisse que minha hora para encarar a morte estivesse próxima,  iria em paz,  com a consciência tranqüila e feliz por ter honrado tanto ele , quanto minha mamãe!
Por isto quê ao pensar neste texto não poderia deixar de intitulá-lo de Resiliência.
Obrigado Deus do céu e aos meus pais por fazerem de mim o ser humano que sou hoje!

Atenciosamente,
Jornalista Daniel Soares

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