Faleceu na manhã deste domingo (17), vítima de enfisema pulmonar, o jornalista Carlos Cavalcante, de 62 anos. O ex-presidente do Sindicato de Jornalistas de Pernambuco (SinjoPE), natural de Alagoas sofria de problemas respiratórias e já havia passado por uma cirurgia na pleura, membrana que envolve um dos pulmões.
Cavalcante estava se recuperando em casa quando começou a passar mal e foi levado para o Hospital Nossa Senhora do ó, em Paulista, onde não resistiu e faleceu.
O velório já está sendo realizado no cemitério de Santo Amaro, no Recife, e o sepultamento deverá ocorrer no fim da tarde, às 16h. Cavalcanti também foi Presidente da Associação de Imprensa de Pernambuco, e o último cargo que ocupou na imprensa foi como Assessor da Secretaria de Comunicação do município de Paulista.
Atualmente, o jornalista se dedicava a escrever livros, principalmente biografias.
domingo, 17 de julho de 2011
BOMBA em Barueri!! Promoção de shows na Cidade é suspensa.
Segundo informações de fontes confiáveis, depois de uma denúncia, a prefeitura de Barueri, na grande São Paulo, afastou dia 13/07/2011, dois secretários e suspendeu a promoção de shows na cidade. Uma reportagem do dia 12/07, mostrou que o município está sendo investigado por suspeita de superfaturar apresentações de artistas famosos, usando uma empresa ligada à família do prefeito FURLAN.
Um inquérito civil apura os motivos de a prefeitura pagar para empresas privadas contratarem os artistas por valores bem acima do que outras prefeituras gastam. Um show de Zezé di Camargo e Luciano custou R$ 369 mil reais, só que a dupla recebeu o cachê de sempre, de R$ 170 mil.
O restante ficou com a empresa Meteoro Entretenimento. No contrato não há detalhes sobre outros possíveis gastos e a empresa não quis se pronunciar sobre a suspeita de favorecimento, já que a empresa foi contratada para fazer vários shows desde o ano passado, com dispensa de licitação. Segundo minhas fontes a empresa que contrata os artístas é da família do Prefeito FURLAN, onde a diretora da mesma é Thamires Furlan, subrinha do então prefeito Furlan!!!
A cidade de Barueri, é uma das mais ricas do Brasil. Conhecida por seus condomínios de mansões, nos bairros de Alphaville e Tamboré. Sua Prefeitura teve um orçamento calculado para 2011 no valor de 1 BILHÃO e 600 MILHÕES DE REAIS. Mesmo com todo esse dinheiro, os moradores dizem que a cidade tem muito que melhorar. Em 1 ano a cidade gastou 5 MILHÕES de Reais com grandes shous produzidos, por uma empresa que supostamente pertence a família do prefeito da Cidade. Para o Ministério Público, existe a suspeita de superfaturamento nos contratos. Procurada, niguém da empresa quis esclarecer depoimentos sobre o ocorrido.
Segundo o Jurista Luiz Flávio Gomes, " a contratação de uma empresa pra fazer esse serviço para o Poder Público, isso é que deve ser devidamente analisado, porquê, normalmente o próprio Poder Público, contrata esses artistas diretamente, sem passar por intermediários", disse ele.
Um inquérito civil apura os motivos de a prefeitura pagar para empresas privadas contratarem os artistas por valores bem acima do que outras prefeituras gastam. Um show de Zezé di Camargo e Luciano custou R$ 369 mil reais, só que a dupla recebeu o cachê de sempre, de R$ 170 mil.
O restante ficou com a empresa Meteoro Entretenimento. No contrato não há detalhes sobre outros possíveis gastos e a empresa não quis se pronunciar sobre a suspeita de favorecimento, já que a empresa foi contratada para fazer vários shows desde o ano passado, com dispensa de licitação. Segundo minhas fontes a empresa que contrata os artístas é da família do Prefeito FURLAN, onde a diretora da mesma é Thamires Furlan, subrinha do então prefeito Furlan!!!
A cidade de Barueri, é uma das mais ricas do Brasil. Conhecida por seus condomínios de mansões, nos bairros de Alphaville e Tamboré. Sua Prefeitura teve um orçamento calculado para 2011 no valor de 1 BILHÃO e 600 MILHÕES DE REAIS. Mesmo com todo esse dinheiro, os moradores dizem que a cidade tem muito que melhorar. Em 1 ano a cidade gastou 5 MILHÕES de Reais com grandes shous produzidos, por uma empresa que supostamente pertence a família do prefeito da Cidade. Para o Ministério Público, existe a suspeita de superfaturamento nos contratos. Procurada, niguém da empresa quis esclarecer depoimentos sobre o ocorrido.
Segundo o Jurista Luiz Flávio Gomes, " a contratação de uma empresa pra fazer esse serviço para o Poder Público, isso é que deve ser devidamente analisado, porquê, normalmente o próprio Poder Público, contrata esses artistas diretamente, sem passar por intermediários", disse ele.
sábado, 16 de julho de 2011
CHEGA, BASTA!!! ELE SÓ QUER SER FELIZ!!!
Esse é Diogo Parra, jovem gay agredido na madrugada do dia 10/07 ao sair de um b...ar LGBT em Mauá/SP. Foi agredido por 3 rapazes que não levaram nada dele, mas deixaram as marcas da sua homofobia. Diogo vai precisar de uma cirurgia plástica na boca e de muita força para superar esse trauma. Quantos mais precisarão ser agredidos e mortos para que se entenda a real e urgente necessidade da aprovação de uma lei eficaz contra a homofobia? Quantas mães mais precisarão ver seus filhos mutilados, marcados, ofendidos, assassinados, para que nossa sociedade se sensibilize e defenda em uníssono a punição para esses agressores? Quando é que a vida humana vai valer mais do que crenças, pré-conceitos e "verdades absolutas", propagadas sem responsabilidade? Obrigado, Diogo, por permitir a divulgação. Obrigado pela sua solidariedade, pela sua preocupação com o próximo.
Estamos com você!
Esse é Diogo Parra, jovem gay agredido na madrugada do dia 10/07 ao sair de um b...ar LGBT em Mauá/SP. Foi agredido por 3 rapazes que não levaram nada dele, mas deixaram as marcas da sua homofobia. Diogo vai precisar de uma cirurgia plástica na boca e de muita força para superar esse trauma. Quantos mais precisarão ser agredidos e mortos para que se entenda a real e urgente necessidade da aprovação de uma lei eficaz contra a homofobia? Quantas mães mais precisarão ver seus filhos mutilados, marcados, ofendidos, assassinados, para que nossa sociedade se sensibilize e defenda em uníssono a punição para esses agressores? Quando é que a vida humana vai valer mais do que crenças, pré-conceitos e "verdades absolutas", propagadas sem responsabilidade? Obrigado, Diogo, por permitir a divulgação. Obrigado pela sua solidariedade, pela sua preocupação com o próximo.
Estamos com você!
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Nesse 15 de Julho O Brasil chama a atenção para os cuidados com a saúde masculina!
Desejo a todos os Homens, felicidades e muita SAÚDE!!!
O Brasil instituiu o dia 15 de julho como o Dia do Homem, data criada para mobilizar a população para os cuidados com a saúde masculina. Isso porque, diferente das mulheres, os homens são mais resistentes ao acompanhamento médico periódico e aos exames preventivos.
O equilíbrio hormonal é um dos aspectos que deve ser checado periodicamente. Segundo o cardiologista Erudes Rodrigues, o desequilíbrio hormonal pode ser o causador de diversos tipos de patologias e disfunções. Um exemplo expressivo é a andropausa – disfunção que diminui a produção dos hormônios sexuais nos homens – que assim como a menopausa, atinge pessoas entre 40 e 60 anos de idade. “No entanto, pela falta de informação e hábito de fazer exames preventivos, apenas recebem tratamento as consequências da andropausa, como o câncer de próstata e doenças cardiovasculares, e não as suas causas reais”, afirma o especialista.
A queda de produção hormonal desencadeia uma série de sintomas e sinais clínicos visíveis como apatia, alterações do humor, falta de concentração, queda da resistência física a exercícios, distúrbio do sono, diminuição da libido, obesidade, aumento da gordura visceral e, talvez a mais importante, predisposição para doenças cardiovasculares.
Para prevenir estes tipos de patologias, o Dr. Erudes Rodrigues tem utilizado uma nova técnica de reposição hormonal, na qual são utilizados hormônios semelhantes aos produzidos pelo nosso organismo. Esta técnica é chamada Modulação Hormonal Bioidêntica (MHB). A principal vantagem dos hormônios bioidênticos é a excelente aceitação desses hormônios pelo nosso organismo, pois sendo semelhantes aos hormônios humanos diminuem consideravelmente os efeitos colaterais.
A MHB permite muito mais que a correção do nível hormonal isoladamente, a técnica procura estabilizar todos os hormônios possibilitando ao paciente um ganho de qualidade de vida, se comparado a outros tipos de tratamento. No caso dos homens, a MHB pode ajudar a melhorar o sono, a vitalidade, a forma física e até mesmo o humor.
Avançar na medicina preventiva traz seguramente mais saúde e qualidade de vida às pessoas, pois a correção das alterações orgânicas pode trazer uma melhor qualidade de vida mais longa e saudável.
Califórnia aprova lei que inclui as realizações das Comunidades LGBTTIS nos livros didáticos
A Califórnia se tornou o primeiro estado dos EUA a exigir que os livros didáticos das escolas públicas incluam as realizações de americanos gays, lésbicas e transgêneros depois que o governador Jerry Brown assinou o mandato em lei.
Segundo Brown, em uma declaração por escrito, ¨a história deve ser honesta¨.
A medida ganhou aprovação final da legislatura estadual no início deste mês, quando passou em uma votação de 49 votos a favor contra 25, com os democratas a favor e republicanos contra.
Segundo o governador da Califórnia, este projeto ¨revisa as leis existentes que proíbem a discriminação na educação e assegura que as importantes contribuições dos americanos de todas as origens e estilos de vida sejam incluídas nos livros de história dos americanos:
- Essa lei representa um passo importante para o nosso estado.
A lei também exige que as escolas públicas ensinem sobre as contribuições das Ilhas do Pacífico e os deficientes. A Califórnia já determina que as escolas incluam as conquistas históricas por nativos americanos, afro-americanos, mexicanos, descendentes asiáticos e europeus.
O presidente do grupo conservador do estado ¨Save California¨, Randy Thomasson, disse que Brown tinha "pisado nos direitos da maioria de pais e mães da Califórnia que não querem que seus filhos passem por uma lavagem cerebral sexual. Segundo ele, ¨a única maneira que os pais têm de deixar seus filhos fora dessa doutrina imoral é deixando eles fora de todo o sistema escolar público.
Ainda pode levar alguns anos antes que os estudantes da Califórnia comecem a ler sobre as realizações dos gay em seus livros didáticos. O Departamento do Estado da Educação disse que, devido a problemas de orçamento do Estado, novos livros provavelmente não serão adotados até 2015.
O projeto de lei foi apoiado por organizações dos direitos dos homossexuais, incluindo os grupos Equality California e a Rede de Aliança Gay-Hétero. Grupos de professores também disseram que o projeto iria ajudar os alunos a se prepararem para uma sociedade diversificada e em constante evolução.
¨Não há espaço para qualquer tipo de discriminação em nossas salas de aula, nossas comunidades ou no nosso estado¨, disse Dean Vogel, presidente da Associação dos Professores da Califórnia.
Segundo Brown, em uma declaração por escrito, ¨a história deve ser honesta¨.
A medida ganhou aprovação final da legislatura estadual no início deste mês, quando passou em uma votação de 49 votos a favor contra 25, com os democratas a favor e republicanos contra.
Segundo o governador da Califórnia, este projeto ¨revisa as leis existentes que proíbem a discriminação na educação e assegura que as importantes contribuições dos americanos de todas as origens e estilos de vida sejam incluídas nos livros de história dos americanos:
- Essa lei representa um passo importante para o nosso estado.
A lei também exige que as escolas públicas ensinem sobre as contribuições das Ilhas do Pacífico e os deficientes. A Califórnia já determina que as escolas incluam as conquistas históricas por nativos americanos, afro-americanos, mexicanos, descendentes asiáticos e europeus.
O presidente do grupo conservador do estado ¨Save California¨, Randy Thomasson, disse que Brown tinha "pisado nos direitos da maioria de pais e mães da Califórnia que não querem que seus filhos passem por uma lavagem cerebral sexual. Segundo ele, ¨a única maneira que os pais têm de deixar seus filhos fora dessa doutrina imoral é deixando eles fora de todo o sistema escolar público.
Ainda pode levar alguns anos antes que os estudantes da Califórnia comecem a ler sobre as realizações dos gay em seus livros didáticos. O Departamento do Estado da Educação disse que, devido a problemas de orçamento do Estado, novos livros provavelmente não serão adotados até 2015.
O projeto de lei foi apoiado por organizações dos direitos dos homossexuais, incluindo os grupos Equality California e a Rede de Aliança Gay-Hétero. Grupos de professores também disseram que o projeto iria ajudar os alunos a se prepararem para uma sociedade diversificada e em constante evolução.
¨Não há espaço para qualquer tipo de discriminação em nossas salas de aula, nossas comunidades ou no nosso estado¨, disse Dean Vogel, presidente da Associação dos Professores da Califórnia.
quinta-feira, 14 de julho de 2011
Hebe é preconceituosa? Será?
Hebe Camargo perdeu a linha e foi, além de grosseira, extremamente infeliz e preconceituosa ao entrevistar o cantor Ney Matogrosso. Foi um momento triste e lamentável, protagonizado por uma apresentadora que eu admiro. É com muita tristeza que escrevo este post, mas vamos lá...
A primeira grosseria aconteceu com a apresentadora MariMoon, Hebe estranhou o cabelo rosa dela e disse que nunca viu em uma mulher, só em uma novela, referindo-se ao poodle rosa da novela "Morde & Assopra" (Rede Globo). Depois, ela convidou o cantor Ney Matrogrosso, dizendo que o "ama" etc., para participar de uma rodada de perguntas, que sempre acontece em seu programa. As entrevistadoras eram, além da própria Hebe, a jornalista Mônica Bergamo, a jornalista Patrícia Maldonato e MariMoon (que foi chamada por Hebe de MariNoon diversas vezes).
Em determinado momento, começaram as perguntas sobre a sexualidade do cantor.
Mônica Bergamo foi a primeira a perguntar:
"Você disse que foi na aeronáutica que você viu pela primeira vez dois homens se beijando. Eu queria saber como é que foi isso? O que você sentiu? Como você reagiu? Por que você era be novo, né..."
Ney respondeu: "Eu tinha 17 anos." e foi interrompido por Hebe:
"Você ficou chocado?"
"Não. Eu desde cedo prestava muita atenção nos meninos, nos rapazes e eu temia aquilo.", respondeu Ney.
"O que você temia?", pergunto Mônica.
"Eu temia transar com os rapazes", respondeu Ney.
Hebe: "Mas você tinha só 17 anos!"
Ney: "Não, não, antes. Com 17 anos eu estava no alojamento, era fora, tinham dois andares, uma mureta e eu vi dois remadores másculos: um sentado na beirada do muro e o outro em pé, eles abraçados e eu vi, Hebe, que tudo o que eu ouvia falar a respeito disso, não era. Não era necessariamente. Porque eu vi lá em Mato Grosso, tinha um cara da cidade, que era a bicha louca da cidade, que passava, uma Geni praticamente. E eu vi que não era necessário isso. Eram pessoas normais e eram másculos e estavam abraçados e se beijando"
Hebe: "Eles pareciam machos".
Ney: "Eles eram machos Hebe".
Hebe: "Mas como era machos e estavam se beijando?"
Ney: "Mas Hebe, isso não passa por aí, isso é um preconceito".
Hebe: "Ué, mas eu não sou preconceituosa..."
Ney: "Mas é."
Hebe: "É que geralmente, quem é macho, beija mulher."
Ney: "Se beija homem e mulher, você não sabe disso?"
MariMoon: "É verdade Hebe."
Hebe: "É mesmo?"
MariMoon: "É."
Patrícia Maldonato: "O mundo está diferente."
MariMoon: "Aliás é muito interessante pensar nisso, porque você encontrou várias gerações de homossexualismo e hoje a gente vive uma época, pelo menos na frente da porta da MTV (emissora em que MariMoon trabalha) tem um monte de menino gay e um monte de menina lésbica e é muito normal a galera ficar se pegando na porta, é uma coisa que, na época imagina..."
Hebe: "Sim querida, sim, mas é uma coisa que naquela época homem beijando homem sendo macho, é uma coisa que eu não..."
Ney: "Mas Hebe... Bom, então eu vou te dar um depoimento meu!"
Hebe: "Vamos lá!"
Ney: "Eu sou homem, eu me considero homem, namorei muitas mulheres e daí, não sou menos homem por isso, qual é o problema?"
Hebe: Estou em estado de choque.
Ney: "Não perca seu tempo ficando em estado de choque."
Hebe: "Você ainda beija mulher?
Ney: "Quer que eu te beije! Não significa nada Hebe, isso é uma convenção. Não significa nada."
Ney ainda defendeu a legalização das drogas. Hebe, ao final da entrevista, disse que estava, finalmente, conhecendo Ney Matogrosso.
Patrícia Maldonato resolveu voltar ao assunto da homossexualidade, com a seguinte pérola:
"Do jeito que a Hebe ficou falando 'mas como dois homens se beijando', você viveu muitos anos do homossexualismo..."
Ney: "Que anos do homossexualismo, não entendo isso."
Patrícia: "Durante anos você viu muita coisa acontecendo, até que hoje a gente pode, graças a Deus, ver dois homens se beijando".
Ney: "Mais ou menos..."
Patrícia" Não, não, a gente vê! Pelo menos em São Paulo (ela esqueceu dos ataques homofóbicos da Paulista) a gente vê. E eu acho isso ótimo porque cada um tem o direito de amar quem quiser. Mas você acha que algumas pessoas entraram nessa só pra fazer uma graça, para experimentar uma coisa?"
Ney: "Não acho que ninguém entra nisso pra fazer graça. Nos anos 70 eu acho que as pessoas entravam para experimentar, porque era tudo permitido, porque, paradoxalmente à ditadura, houve um momento de extrema liberação humana. Mas ninguém faz isso se não gostar. E ninguém vira isso. Agora vocês se chocam quando eu falo de homens másculos, eu acho lindo duas mulheres femininas se beijando"
Hebe: "Eu não tô chocada. Mas beijar na boca não. Quando ela é feminina, ela não beija na boca. Mulher com mulher, mulher que é mulher mesmo não beijam na boca."
Ney: "Estou falando de mulheres que transam com mulheres e não precisam virar um trator por isso."
"Hebe: "Eu não tô acertando nada hoje".
Ney: "Você tá por fora Hebe".
Hebe: "Não tô por fora! Mas eu sou mulher e não beijaria na boca da Patrícia."
Ney: "Sim Hebe, mas você. Mas a mulher que gosta de outras mulheres não necessariamente tem que virar um macho, um homem, para beijar outras mulheres."
Ney ainda disse que não curte guetos: "Deus me livre ir a um cruzeiro gay. Porque Deus me livre de ir a um lugar onde só tem um tipo de gente, eu gosto de ir a lugares onde tem de tudo. Eu gosto da mistura".
"Eu acho que a grande revolução que está por ser feita é a coexistência pacífica entre todas as pessoas, independente de preferência sexual, de cor, e credo, essa é a grande revolução que está por ser feita, que não foi feita ainda e não sei se viverei pra ver", disse Ney. Perfeito!
Ele disse também que não quer ser estandarte gay. "Seria muito conveniente para o sistema. Ele é um estandarte gay e já estaria rotulado. Não me interessa isso.", disse Ney.
A primeira grosseria aconteceu com a apresentadora MariMoon, Hebe estranhou o cabelo rosa dela e disse que nunca viu em uma mulher, só em uma novela, referindo-se ao poodle rosa da novela "Morde & Assopra" (Rede Globo). Depois, ela convidou o cantor Ney Matrogrosso, dizendo que o "ama" etc., para participar de uma rodada de perguntas, que sempre acontece em seu programa. As entrevistadoras eram, além da própria Hebe, a jornalista Mônica Bergamo, a jornalista Patrícia Maldonato e MariMoon (que foi chamada por Hebe de MariNoon diversas vezes).
Em determinado momento, começaram as perguntas sobre a sexualidade do cantor.
Mônica Bergamo foi a primeira a perguntar:
"Você disse que foi na aeronáutica que você viu pela primeira vez dois homens se beijando. Eu queria saber como é que foi isso? O que você sentiu? Como você reagiu? Por que você era be novo, né..."
Ney respondeu: "Eu tinha 17 anos." e foi interrompido por Hebe:
"Você ficou chocado?"
"Não. Eu desde cedo prestava muita atenção nos meninos, nos rapazes e eu temia aquilo.", respondeu Ney.
"O que você temia?", pergunto Mônica.
"Eu temia transar com os rapazes", respondeu Ney.
Hebe: "Mas você tinha só 17 anos!"
Ney: "Não, não, antes. Com 17 anos eu estava no alojamento, era fora, tinham dois andares, uma mureta e eu vi dois remadores másculos: um sentado na beirada do muro e o outro em pé, eles abraçados e eu vi, Hebe, que tudo o que eu ouvia falar a respeito disso, não era. Não era necessariamente. Porque eu vi lá em Mato Grosso, tinha um cara da cidade, que era a bicha louca da cidade, que passava, uma Geni praticamente. E eu vi que não era necessário isso. Eram pessoas normais e eram másculos e estavam abraçados e se beijando"
Hebe: "Eles pareciam machos".
Ney: "Eles eram machos Hebe".
Hebe: "Mas como era machos e estavam se beijando?"
Ney: "Mas Hebe, isso não passa por aí, isso é um preconceito".
Hebe: "Ué, mas eu não sou preconceituosa..."
Ney: "Mas é."
Hebe: "É que geralmente, quem é macho, beija mulher."
Ney: "Se beija homem e mulher, você não sabe disso?"
MariMoon: "É verdade Hebe."
Hebe: "É mesmo?"
MariMoon: "É."
Patrícia Maldonato: "O mundo está diferente."
MariMoon: "Aliás é muito interessante pensar nisso, porque você encontrou várias gerações de homossexualismo e hoje a gente vive uma época, pelo menos na frente da porta da MTV (emissora em que MariMoon trabalha) tem um monte de menino gay e um monte de menina lésbica e é muito normal a galera ficar se pegando na porta, é uma coisa que, na época imagina..."
Hebe: "Sim querida, sim, mas é uma coisa que naquela época homem beijando homem sendo macho, é uma coisa que eu não..."
Ney: "Mas Hebe... Bom, então eu vou te dar um depoimento meu!"
Hebe: "Vamos lá!"
Ney: "Eu sou homem, eu me considero homem, namorei muitas mulheres e daí, não sou menos homem por isso, qual é o problema?"
Hebe: Estou em estado de choque.
Ney: "Não perca seu tempo ficando em estado de choque."
Hebe: "Você ainda beija mulher?
Ney: "Quer que eu te beije! Não significa nada Hebe, isso é uma convenção. Não significa nada."
Ney ainda defendeu a legalização das drogas. Hebe, ao final da entrevista, disse que estava, finalmente, conhecendo Ney Matogrosso.
"Do jeito que a Hebe ficou falando 'mas como dois homens se beijando', você viveu muitos anos do homossexualismo..."
Ney: "Que anos do homossexualismo, não entendo isso."
Patrícia: "Durante anos você viu muita coisa acontecendo, até que hoje a gente pode, graças a Deus, ver dois homens se beijando".
Ney: "Mais ou menos..."
Patrícia" Não, não, a gente vê! Pelo menos em São Paulo (ela esqueceu dos ataques homofóbicos da Paulista) a gente vê. E eu acho isso ótimo porque cada um tem o direito de amar quem quiser. Mas você acha que algumas pessoas entraram nessa só pra fazer uma graça, para experimentar uma coisa?"
Ney: "Não acho que ninguém entra nisso pra fazer graça. Nos anos 70 eu acho que as pessoas entravam para experimentar, porque era tudo permitido, porque, paradoxalmente à ditadura, houve um momento de extrema liberação humana. Mas ninguém faz isso se não gostar. E ninguém vira isso. Agora vocês se chocam quando eu falo de homens másculos, eu acho lindo duas mulheres femininas se beijando"
Hebe: "Eu não tô chocada. Mas beijar na boca não. Quando ela é feminina, ela não beija na boca. Mulher com mulher, mulher que é mulher mesmo não beijam na boca."
Ney: "Estou falando de mulheres que transam com mulheres e não precisam virar um trator por isso."
"Hebe: "Eu não tô acertando nada hoje".
Ney: "Você tá por fora Hebe".
Hebe: "Não tô por fora! Mas eu sou mulher e não beijaria na boca da Patrícia."
Ney: "Sim Hebe, mas você. Mas a mulher que gosta de outras mulheres não necessariamente tem que virar um macho, um homem, para beijar outras mulheres."
Ney ainda disse que não curte guetos: "Deus me livre ir a um cruzeiro gay. Porque Deus me livre de ir a um lugar onde só tem um tipo de gente, eu gosto de ir a lugares onde tem de tudo. Eu gosto da mistura".
"Eu acho que a grande revolução que está por ser feita é a coexistência pacífica entre todas as pessoas, independente de preferência sexual, de cor, e credo, essa é a grande revolução que está por ser feita, que não foi feita ainda e não sei se viverei pra ver", disse Ney. Perfeito!
Ele disse também que não quer ser estandarte gay. "Seria muito conveniente para o sistema. Ele é um estandarte gay e já estaria rotulado. Não me interessa isso.", disse Ney.
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Conheça Brenda Lee
Em 28 de Maio de 1996, o Brasil perdia a "mãe" dos portadores de HIV, de São Paulo e também do Brasil. Se nome Brenda Lee! Ela foi assassinada com um tiro na boca e outro no peito e foi encontrada dentro de uma perua kombi.
Brenda tinha como nome de batismo Cícero Caetano Leonardo, nasceu em Bodocó, Pernambuco, em 10 de janeiro de 1948. Aos 14 anos foi morar no bairro do Bexiga, na capital de São Paulo. Popular, logo ficou conhecida. Primeiramente por Caetana. Brenda Lee veio depois.
Como não se sentia bem com a prostituição, se empenhou em ter outra forma de renda. Em 1984 adquiriu o imóvel na rua Major Diogo, 779 e fez uma pensão.
"Além desse imóvel, tinha um posto de gasolina ou “mecânica”. Adorava carros e sempre brancos; e na frente do sobrado (que na realidade agora já estava com quatro andares de tanto inventar espaço, ficava o salão de beleza que as travestis usavam)."
Nesse imóvel Brenda acolhia as jovens travestis expulsas de suas famílias consanguíneas, em razão de sua homossexualidade - prática que resiste até os nossos dias. Após a série de assassinatos de travestis na região da Avenida Indianápolois e Chácara Flora, na Zona sul paulistana, em 1985, mais travestis foram acolhidas. Foi assim que surgiu o "Palácio das Princesas". Espontaneamente.
Brenda cuidava das jovens com afeto e carinho - "nutria carinho de mãe por elas", diz uma depoente. "Realmente era uma maezona", diz uma travesti que morou no Palácio durante a adolescência e que hoje vive e trabalha em Paris.
Lee viabilizou a migração de diversas travestis para a Europa, em busca de melhores condições de vida e renda. Fidelizada a uma mesma agência de passagens e turismo, a funcionária que sempre lhe atendia guarda ainda muito afeto desse convívio, que as tornou grandes amigas.
A AIDS já vinha forte, trazendo junto a explosão de preconceitos e irresponsabilidades. Na imprensa, jornalistas inconsequentes apelidaram-na de "Câncer Gay" e "Peste Gay".
Os primeiros doentes enfrentavam, além da enfermidade, a "morte social". Transformados em párias, lhes eram retiradas as possibilidades de convívio, de fruição de espaços públicos, de afeto e cuidado.
Ainda não havia o programa de fornecimento de remédios ou programas de apoio - essas foram conquistas da luta no enfrentamento da Síndrome.
Os médicos nada ou muito pouco sabiam sobre aquela doença misteriosa e tão desencadeadora de temores e fantasmas subterrâneos.
Gays e travestis, os primeiros doentes conhecidos, viam-se de uma hora para outra atirados no limbo, agigantado o repúdio social e familiar que comumente lhes era (e ainda é) destinado.
Algumas travestis amigas de Brenda começaram a aparecer doentes. Ela as acolheu. Outras vieram. Ela acolheu igualmente.
Travou contato com o Hospital Emílio Ribas. As que necessitavam, eram internadas. As que tinham que dar continuidade ao tratamento "em casa", não tinham "casa" para onde ir, nem parente que cuidasse delas.
Eram os "pacientes sociais" - aqueles que precisavam de tratamento, mas não de internação. Necessitavam de alimentação equilibrada, medicamentos, cuidados, afeto, acolhimento.
Justamente aquilo que os familiares consanguíneos não tinham nenhum desejo de lhes fornecer. O interesse se restringia aos seus patrimônios, acaso existissem.
Brenda abrigava a todas, como podia. Se preciso, em sua própria cama. Dava-lhes moradia, medicamentos, cuidado, carinho. Às suas expensas.
A "Mãezona" partiu para buscar ajuda por todo canto. E encontrou muita. Anônimos ou não, inúmeras foram as pessoas que se uniram para auxilliá-la em seu trabalho social. De travestis em Roma a apresentadores de programa televisivo no Brasil, passando por médicos, espíritas, pessoas comuns.
Na busca por recursos para melhorar as condições de acolhimento, participou de programas de televisão, palestras, eventos em casas de shows. Tudo enfim que em seu entendimento pudesse reverter em recursos para os doentes que acolhia. Em alguns foi traída e enganada - sempre há aqueles que se aproveitam do altruísmo e credulidade dos demais.
Segundo Trevisan, a Casa de Brenda "se tornou quase uma extensão do hospital Emílio Ribas e uma entidade fundamental para a rede estadual de saúde, no setor de Aids. ... O Brasil conseguiu montar uma rede de enfrentamento da Aids considerada modelar pela Organização Mundial de saúde. E isso se deveu, bem ou mal, à mobilização de homossexuais isolados ou em grupos de tendência GLS que lutaram, protestaram, ajudaram a organizar e puseram as mãos na massa" (Devassos..., pág. 369 da 3ª edição).
"Quem não ficava apaixonado pela Brenda?" - Dizem as pessoas que lhe conheceram. "Era como uma mãe". "O Anjo Bom da Aids". "Ela era uma menina, tinha sonhos de menina".
O seminal Palácio das Princesas terminou ficando conhecido como "Casa de Apoio Brenda Lee". Era o ano de 1986.
Em 1988 Brenda firmou convênio com a Secretaria de Estado de Saúde do Estado de São Paulo para acolhimento e cuidado de soropositivos, independentemente de gênero, sexo, orientação sexual ou qualquer outra distinção.
Em 1992 a Casa de Apoio Brenda Lee é formal e juridicamente constituída. Sua Ata de Fundação é registrada no 5º Ofício do Registro de Títulos e Documentos de São Paulo, sob o nº 12.864. Brenda figura como sua Presidente vitalícia.
Por mais de dez anos Brenda esteve à frente desse trabalho social voluntário, espontâneo, pioneiro. Fruto de seu entendimento pessoal da necessidade de comprometimento com a coletividade; da fraternidade e generosidade como valores a serem praticados cotidianamente.
Em 28 de maio de 1996, porém, Brenda foi encontrada morta, assassinada com tiros na boca e no peito, no interior de uma kombi, estacionada em um terreno baldio na Capital paulistana.
Segundo consta, um empregado da Casa adulterara um cheque emitido por Brenda, transformando o valor de R$ 150,00 em R$ 2.950,00. Ela registrou Queixa-Crime no 5º Distrito (Aclimação), indicando o seu suspeito.
Após receber um telefonema, Lee se dirigiu ao encontro marcado pelo autor do telefonema, com o fim de solucionar o caso do cheque - cuja cobertura não existia. Não foi mais vista com vida.
O imóvel onde se constituiu o Palácio das Princesas e depois a Casa de Apoio foi comprado de seus familiares, após a sua morte, pela Casa de Apoio Brenda Lee, Sociedade Civil, em fevereiro de 2000, através de um Instrumento Particular de Cessão de Direitos Hereditários e Dação em Pagamento. A quitação total do preço exigido por seus herdeiros consanguíneos se deu em 2002, através da colaboração "da comunidade, amigos e órgão público", segundo informações constantes na página da Casa.
Após a sua morte, a instituição passou a ser administrada por uma Diretoria Executiva, formada por 5 membros, em colaboração com um Conselho Fiscal de 3 e um Conselho Consultivo de 15.
As últimas notícias na página oficial da Casa de Apoio Brenda Lee datam de 2005 e falam da construção da Sede 2, por necessidade de ampliação dos serviços prestados.
Os moradores vizinhos à casa relataram, por ocasião de sua morte, que Brenda não se preocupava apenas com "aidéticos" ou travestis, "mas com todas as pessoas carentes do bairro."
Robson Alves Martins, o Robson Lee, então com 22 anos (e atualmente membro da comunidade em homenagem à Brenda no Orkut), declarou que Lee não se afastava da Casa por mais de duas horas e "sempre foi uma pessoa dedicada".
Quando foi assassinada, era Vice-Presidente da Casa o médico infectologista do Emílio Ribas, Rogério Scapini. Em seu velório ele declarou ao jornalista Laércio Arruda:
"Foram 10 anos de plena dedicação. Brenda sempre foi uma grande líder."
A missa de corpo presente foi celebrada pelo padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Menor, que veio representando o Cardeal Arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns. Eis o seu depoimento, na ocasião:
"Ela era uma pessoa especial e perdemos um símbolo da luta contra a Aids. ... [Precisa]mos nos apegar na beleza e na g[arra] de tudo que ela deixou para manter esta memória."
Sua morte encontrou a casa com entre 27 a 30 pacientes, todos com total assistência médica e social. Cerca de cem pessoas compareceram ao seu velório, realizado na instituição que criou.
Embora também tenha encontrado quem traísse a sua confiança e abusasse de sua credulidade, o seu trabalho tornou-se referência no cuidado aos portadores do HIV-Aids, sendo reconhecido nacional e internacionalmente. Há quem relate o fato de Brenda ter comentado haver sido indicada para o Nobel da Paz.
Um filme documentário foi produzido em 1988, dirigido por Pierre-Alain Meier e Matthias Kälin, abordando a vida de Brenda Lee e mais outras quatro travestis - Thelma Lipp, Condessa da Nostromundo, Andréia de Maio e Claudia Wonder. Chama-se Dores de Amor.
Um Prêmio em Direitos Humanos foi instituído com o seu nome no Brasil, há uma biografia sua na Wikipédia e uma comunidade foi criada no Orkut em sua memória.
Na página VivaSP, na seção Lendas Urbanas - A Cidade e Seus Personagens, há um tocante depoimento de uma voluntária que trabalhou por dez anos colaborando com Brenda em seu serviço social espontâneo.
Se você conheceu, trabalhou, morou na casa de Brenda Lee, tem material (jornalístico, fotográfico etc) sobre ela, mais detalhes de sua trajetória e deseja partilhar e dar o seu depoimento, por favor, escreva.
Esta é uma iniciativa de caráter coletivo.
Brenda tinha como nome de batismo Cícero Caetano Leonardo, nasceu em Bodocó, Pernambuco, em 10 de janeiro de 1948. Aos 14 anos foi morar no bairro do Bexiga, na capital de São Paulo. Popular, logo ficou conhecida. Primeiramente por Caetana. Brenda Lee veio depois.
Como não se sentia bem com a prostituição, se empenhou em ter outra forma de renda. Em 1984 adquiriu o imóvel na rua Major Diogo, 779 e fez uma pensão.
"Além desse imóvel, tinha um posto de gasolina ou “mecânica”. Adorava carros e sempre brancos; e na frente do sobrado (que na realidade agora já estava com quatro andares de tanto inventar espaço, ficava o salão de beleza que as travestis usavam)."
Nesse imóvel Brenda acolhia as jovens travestis expulsas de suas famílias consanguíneas, em razão de sua homossexualidade - prática que resiste até os nossos dias. Após a série de assassinatos de travestis na região da Avenida Indianápolois e Chácara Flora, na Zona sul paulistana, em 1985, mais travestis foram acolhidas. Foi assim que surgiu o "Palácio das Princesas". Espontaneamente.
Brenda cuidava das jovens com afeto e carinho - "nutria carinho de mãe por elas", diz uma depoente. "Realmente era uma maezona", diz uma travesti que morou no Palácio durante a adolescência e que hoje vive e trabalha em Paris.
Lee viabilizou a migração de diversas travestis para a Europa, em busca de melhores condições de vida e renda. Fidelizada a uma mesma agência de passagens e turismo, a funcionária que sempre lhe atendia guarda ainda muito afeto desse convívio, que as tornou grandes amigas.
A AIDS já vinha forte, trazendo junto a explosão de preconceitos e irresponsabilidades. Na imprensa, jornalistas inconsequentes apelidaram-na de "Câncer Gay" e "Peste Gay".
Os primeiros doentes enfrentavam, além da enfermidade, a "morte social". Transformados em párias, lhes eram retiradas as possibilidades de convívio, de fruição de espaços públicos, de afeto e cuidado.
Ainda não havia o programa de fornecimento de remédios ou programas de apoio - essas foram conquistas da luta no enfrentamento da Síndrome.
Os médicos nada ou muito pouco sabiam sobre aquela doença misteriosa e tão desencadeadora de temores e fantasmas subterrâneos.
Gays e travestis, os primeiros doentes conhecidos, viam-se de uma hora para outra atirados no limbo, agigantado o repúdio social e familiar que comumente lhes era (e ainda é) destinado.
Algumas travestis amigas de Brenda começaram a aparecer doentes. Ela as acolheu. Outras vieram. Ela acolheu igualmente.
Travou contato com o Hospital Emílio Ribas. As que necessitavam, eram internadas. As que tinham que dar continuidade ao tratamento "em casa", não tinham "casa" para onde ir, nem parente que cuidasse delas.
Eram os "pacientes sociais" - aqueles que precisavam de tratamento, mas não de internação. Necessitavam de alimentação equilibrada, medicamentos, cuidados, afeto, acolhimento.
Justamente aquilo que os familiares consanguíneos não tinham nenhum desejo de lhes fornecer. O interesse se restringia aos seus patrimônios, acaso existissem.
Brenda abrigava a todas, como podia. Se preciso, em sua própria cama. Dava-lhes moradia, medicamentos, cuidado, carinho. Às suas expensas.
A "Mãezona" partiu para buscar ajuda por todo canto. E encontrou muita. Anônimos ou não, inúmeras foram as pessoas que se uniram para auxilliá-la em seu trabalho social. De travestis em Roma a apresentadores de programa televisivo no Brasil, passando por médicos, espíritas, pessoas comuns.
Na busca por recursos para melhorar as condições de acolhimento, participou de programas de televisão, palestras, eventos em casas de shows. Tudo enfim que em seu entendimento pudesse reverter em recursos para os doentes que acolhia. Em alguns foi traída e enganada - sempre há aqueles que se aproveitam do altruísmo e credulidade dos demais.
Segundo Trevisan, a Casa de Brenda "se tornou quase uma extensão do hospital Emílio Ribas e uma entidade fundamental para a rede estadual de saúde, no setor de Aids. ... O Brasil conseguiu montar uma rede de enfrentamento da Aids considerada modelar pela Organização Mundial de saúde. E isso se deveu, bem ou mal, à mobilização de homossexuais isolados ou em grupos de tendência GLS que lutaram, protestaram, ajudaram a organizar e puseram as mãos na massa" (Devassos..., pág. 369 da 3ª edição).
"Quem não ficava apaixonado pela Brenda?" - Dizem as pessoas que lhe conheceram. "Era como uma mãe". "O Anjo Bom da Aids". "Ela era uma menina, tinha sonhos de menina".
O seminal Palácio das Princesas terminou ficando conhecido como "Casa de Apoio Brenda Lee". Era o ano de 1986.
Em 1988 Brenda firmou convênio com a Secretaria de Estado de Saúde do Estado de São Paulo para acolhimento e cuidado de soropositivos, independentemente de gênero, sexo, orientação sexual ou qualquer outra distinção.
Em 1992 a Casa de Apoio Brenda Lee é formal e juridicamente constituída. Sua Ata de Fundação é registrada no 5º Ofício do Registro de Títulos e Documentos de São Paulo, sob o nº 12.864. Brenda figura como sua Presidente vitalícia.
Por mais de dez anos Brenda esteve à frente desse trabalho social voluntário, espontâneo, pioneiro. Fruto de seu entendimento pessoal da necessidade de comprometimento com a coletividade; da fraternidade e generosidade como valores a serem praticados cotidianamente.
Em 28 de maio de 1996, porém, Brenda foi encontrada morta, assassinada com tiros na boca e no peito, no interior de uma kombi, estacionada em um terreno baldio na Capital paulistana.
Segundo consta, um empregado da Casa adulterara um cheque emitido por Brenda, transformando o valor de R$ 150,00 em R$ 2.950,00. Ela registrou Queixa-Crime no 5º Distrito (Aclimação), indicando o seu suspeito.
Após receber um telefonema, Lee se dirigiu ao encontro marcado pelo autor do telefonema, com o fim de solucionar o caso do cheque - cuja cobertura não existia. Não foi mais vista com vida.
O imóvel onde se constituiu o Palácio das Princesas e depois a Casa de Apoio foi comprado de seus familiares, após a sua morte, pela Casa de Apoio Brenda Lee, Sociedade Civil, em fevereiro de 2000, através de um Instrumento Particular de Cessão de Direitos Hereditários e Dação em Pagamento. A quitação total do preço exigido por seus herdeiros consanguíneos se deu em 2002, através da colaboração "da comunidade, amigos e órgão público", segundo informações constantes na página da Casa.
Após a sua morte, a instituição passou a ser administrada por uma Diretoria Executiva, formada por 5 membros, em colaboração com um Conselho Fiscal de 3 e um Conselho Consultivo de 15.
As últimas notícias na página oficial da Casa de Apoio Brenda Lee datam de 2005 e falam da construção da Sede 2, por necessidade de ampliação dos serviços prestados.
Os moradores vizinhos à casa relataram, por ocasião de sua morte, que Brenda não se preocupava apenas com "aidéticos" ou travestis, "mas com todas as pessoas carentes do bairro."
Robson Alves Martins, o Robson Lee, então com 22 anos (e atualmente membro da comunidade em homenagem à Brenda no Orkut), declarou que Lee não se afastava da Casa por mais de duas horas e "sempre foi uma pessoa dedicada".
Quando foi assassinada, era Vice-Presidente da Casa o médico infectologista do Emílio Ribas, Rogério Scapini. Em seu velório ele declarou ao jornalista Laércio Arruda:
"Foram 10 anos de plena dedicação. Brenda sempre foi uma grande líder."
A missa de corpo presente foi celebrada pelo padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Menor, que veio representando o Cardeal Arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns. Eis o seu depoimento, na ocasião:
"Ela era uma pessoa especial e perdemos um símbolo da luta contra a Aids. ... [Precisa]mos nos apegar na beleza e na g[arra] de tudo que ela deixou para manter esta memória."
Sua morte encontrou a casa com entre 27 a 30 pacientes, todos com total assistência médica e social. Cerca de cem pessoas compareceram ao seu velório, realizado na instituição que criou.
Embora também tenha encontrado quem traísse a sua confiança e abusasse de sua credulidade, o seu trabalho tornou-se referência no cuidado aos portadores do HIV-Aids, sendo reconhecido nacional e internacionalmente. Há quem relate o fato de Brenda ter comentado haver sido indicada para o Nobel da Paz.
Um filme documentário foi produzido em 1988, dirigido por Pierre-Alain Meier e Matthias Kälin, abordando a vida de Brenda Lee e mais outras quatro travestis - Thelma Lipp, Condessa da Nostromundo, Andréia de Maio e Claudia Wonder. Chama-se Dores de Amor.
Um Prêmio em Direitos Humanos foi instituído com o seu nome no Brasil, há uma biografia sua na Wikipédia e uma comunidade foi criada no Orkut em sua memória.
Na página VivaSP, na seção Lendas Urbanas - A Cidade e Seus Personagens, há um tocante depoimento de uma voluntária que trabalhou por dez anos colaborando com Brenda em seu serviço social espontâneo.
Se você conheceu, trabalhou, morou na casa de Brenda Lee, tem material (jornalístico, fotográfico etc) sobre ela, mais detalhes de sua trajetória e deseja partilhar e dar o seu depoimento, por favor, escreva.
Esta é uma iniciativa de caráter coletivo.
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