quinta-feira, 14 de julho de 2011

Hebe é preconceituosa? Será?

Hebe Camargo perdeu a linha e foi, além de grosseira, extremamente infeliz e preconceituosa ao entrevistar o cantor Ney Matogrosso. Foi um momento triste e lamentável, protagonizado por uma apresentadora que eu admiro. É com muita tristeza que escrevo este post, mas vamos lá...

A primeira grosseria aconteceu com a apresentadora MariMoon, Hebe estranhou o cabelo rosa dela e disse que nunca viu em uma mulher, só em uma novela, referindo-se ao poodle rosa da novela "Morde & Assopra" (Rede Globo). Depois, ela convidou o cantor Ney Matrogrosso, dizendo que o "ama" etc., para participar de uma rodada de perguntas, que sempre acontece em seu programa. As entrevistadoras eram, além da própria Hebe, a jornalista Mônica Bergamo, a jornalista Patrícia Maldonato e MariMoon (que foi chamada por Hebe de MariNoon diversas vezes).

Em determinado momento, começaram as perguntas sobre a sexualidade do cantor.

Mônica Bergamo foi a primeira a perguntar:

"Você disse que foi na aeronáutica que você viu pela primeira vez dois homens se beijando. Eu queria saber como é que foi isso? O que você sentiu? Como você reagiu? Por que você era be novo, né..."

Ney respondeu: "Eu tinha 17 anos." e foi interrompido por Hebe:

"Você ficou chocado?"

"Não. Eu desde cedo prestava muita atenção nos meninos, nos rapazes e eu temia aquilo.", respondeu Ney.

"O que você temia?", pergunto Mônica.

"Eu temia transar com os rapazes", respondeu Ney.

Hebe: "Mas você tinha só 17 anos!"

Ney: "Não, não, antes. Com 17 anos eu estava no alojamento, era fora, tinham dois andares, uma mureta e eu vi dois remadores másculos: um sentado na beirada do muro e o outro em pé, eles abraçados e eu vi, Hebe, que tudo o que eu ouvia falar a respeito disso, não era. Não era necessariamente. Porque eu vi lá em Mato Grosso, tinha um cara da cidade, que era a bicha louca da cidade, que passava, uma Geni praticamente. E eu vi que não era necessário isso. Eram pessoas normais e eram másculos e estavam abraçados e se beijando"

Hebe: "Eles pareciam machos".

Ney: "Eles eram machos Hebe".

Hebe: "Mas como era machos e estavam se beijando?"

Ney: "Mas Hebe, isso não passa por aí, isso é um preconceito".

Hebe: "Ué, mas eu não sou preconceituosa..."

Ney: "Mas é."

Hebe: "É que geralmente, quem é macho, beija mulher."

Ney: "Se beija homem e mulher, você não sabe disso?"

MariMoon: "É verdade Hebe."

Hebe: "É mesmo?"

MariMoon: "É."

Patrícia Maldonato: "O mundo está diferente."

MariMoon: "Aliás é muito interessante pensar nisso, porque você encontrou várias gerações de homossexualismo e hoje a gente vive uma época, pelo menos na frente da porta da MTV (emissora em que MariMoon trabalha) tem um monte de menino gay e um monte de menina lésbica e é muito normal a galera ficar se pegando na porta, é uma coisa que, na época imagina..."

Hebe: "Sim querida, sim, mas é uma coisa que naquela época homem beijando homem sendo macho, é uma coisa que eu não..."

Ney: "Mas Hebe... Bom, então eu vou te dar um depoimento meu!"

Hebe: "Vamos lá!"

Ney: "Eu sou homem, eu me considero homem, namorei muitas mulheres e daí, não sou menos homem por isso, qual é o problema?"

Hebe: Estou em estado de choque.

Ney: "Não perca seu tempo ficando em estado de choque."

Hebe: "Você ainda beija mulher?

Ney: "Quer que eu te beije! Não significa nada Hebe, isso é uma convenção. Não significa nada."

Ney ainda defendeu a legalização das drogas. Hebe, ao final da entrevista, disse que estava, finalmente, conhecendo Ney Matogrosso.



Patrícia Maldonato resolveu voltar ao assunto da homossexualidade, com a seguinte pérola:

"Do jeito que a Hebe ficou falando 'mas como dois homens se beijando', você viveu muitos anos do homossexualismo..."

Ney: "Que anos do homossexualismo, não entendo isso."

Patrícia: "Durante anos você viu muita coisa acontecendo, até que hoje a gente pode, graças a Deus, ver dois homens se beijando".

Ney: "Mais ou menos..."

Patrícia" Não, não, a gente vê! Pelo menos em São Paulo (ela esqueceu dos ataques homofóbicos da Paulista) a gente vê. E eu acho isso ótimo porque cada um tem o direito de amar quem quiser. Mas você acha que algumas pessoas entraram nessa só pra fazer uma graça, para experimentar uma coisa?"

Ney: "Não acho que ninguém entra nisso pra fazer graça. Nos anos 70 eu acho que as pessoas entravam para experimentar, porque era tudo permitido, porque, paradoxalmente à ditadura, houve um momento de extrema liberação humana. Mas ninguém faz isso se não gostar. E ninguém vira isso. Agora vocês se chocam quando eu falo de homens másculos, eu acho lindo duas mulheres femininas se beijando"

Hebe: "Eu não tô chocada. Mas beijar na boca não. Quando ela é feminina, ela não beija na boca. Mulher com mulher, mulher que é mulher mesmo não beijam na boca."

Ney: "Estou falando de mulheres que transam com mulheres e não precisam virar um trator por isso."

"Hebe: "Eu não tô acertando nada hoje".

Ney: "Você tá por fora Hebe".

Hebe: "Não tô por fora! Mas eu sou mulher e não beijaria na boca da Patrícia."

Ney: "Sim Hebe, mas você. Mas a mulher que gosta de outras mulheres não necessariamente tem que virar um macho, um homem, para beijar outras mulheres."

Ney ainda disse que não curte guetos: "Deus me livre ir a um cruzeiro gay. Porque Deus me livre de ir a um lugar onde só tem um tipo de gente, eu gosto de ir a lugares onde tem de tudo. Eu gosto da mistura".

"Eu acho que a grande revolução que está por ser feita é a coexistência pacífica entre todas as pessoas, independente de preferência sexual, de cor, e credo, essa é a grande revolução que está por ser feita, que não foi feita ainda e não sei se viverei pra ver", disse Ney. Perfeito!

Ele disse também que não quer ser estandarte gay. "Seria muito conveniente para o sistema. Ele é um estandarte gay e já estaria rotulado. Não me interessa isso.", disse Ney.

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