quinta-feira, 21 de julho de 2011
Morte de Bob Marley completa 30 anos
"Não viva para que a sua presença seja notada, mas para que a sua falta seja sentida". Esta frase ficou famosa na voz de Robert Nesta Marley, mais conhecido como Bob Marley. Nesta quarta-feira completa 30 anos de sua morte, em 11 de maio de 1981, em Miami, no Estados Unidos.
Nascido em 6 de maio de 1945, de família humilde, em Nine Mile, na Jamaica, o cantor e compositor é considerado um dos mitos da música do século 20 e o expoente máximo do reggae. Não por acaso, o disco de grandes sucessos Legend, publicado pela primeira vez em 1984, continua sendo o álbum mais vendido da história deste estilo musical.
Sua lenda começou em 1973 com o álbum Catch a Fire, gravado no início de sua parceria com a banda The Wailers, criada em 1962 por Bob Marley, Peter Tosh, Bunny Wailer, Berverly Kelso, Cherry Smith e Junior Braithweire. Começaram tocando ska e outros ritmos jamaicanos, como rocksteady. Na sequência, veio Burnin e um êxito crescente nos Estados Unidos com sucessos como Get Up, Stand Up e I Shot the Sheriff.
À época, Bob já estava casado com Rita e adepto do rastafári, religião que mescla profecias bíblicas, filosofia naturalista e orgulho negro, tendo a maconha como parte da liturgia, que tanto contagiou sua música. Rita Marley era uma das I Threes, que passaram a cantar com os Wailers depois que eles alcançaram sucesso internacional. Ela foi mãe de quatro de seus doze filhos (dois deles adotados), os renomados Ziggy e Stephen Marley, que continuam o legado musical de seu pai na banda Melody Makers. Outros de seus filhos, Kymani Marley e Damian Marley (conhecido como Jr. Gong) também seguiram carreira musical.
Em 1974, após imposições da gravadora Island, o nome mudou para Bob Marley & The Wailers. Tal fato provocou a saída de Peter Tosh, que não aceitou a mudança e passou a seguir carreira solo. Bunny Wailer saiu para dedicar-se à sua fé.
Bob Marley & The Wailers continuaram os sucessos fonográficos. Com eles, vieram os discos Natty Dread (1975) e, sobretudo, Rastaman Vibrations (1976), que chegou aos primeiros lugares dos rankings nos Estados Unidos, expondo vivamente sua mensagem de amor e crítica social.
Radicado nos EUA após ter sido baleado em Kingston, Bob lançou Exodus (1977), Kaya (1978), Babylon By Bus (1978) e Survival (1979), que aumentaram sua fama internacional. Seu último disco em vida foi Uprising (1980), cuja turnê pela Europa viu recordes de público.
Em julho de 1977, o músico descobriu uma ferida no dedão de seu pé direito, que pensou ser de uma partida de futebol. A ferida não cicatrizou, e sua unha posteriormente caiu. Marley na verdade sofria de uma espécie de câncer de pele, chamado melanoma maligno, que se desenvolveu sob sua unha.
Os médicos o aconselharam a ter o dedo amputado, mas o cantor recusou-se devido aos princípios rastafáris que diziam que os médicos são homens que enganam os ingênuos, fingindo ter o poder de curar.
Ele também estava preocupado com o impacto da operação em sua dança. A amputação afetaria profundamente sua carreira no momento em que se encontrava no auge. Marley então passou por uma cirurgia para tentar extirpar as células cancerígenas. A doença foi mantida em segredo do grande público.
O câncer espalhou-se para seu cérebro, pulmão e estômago. Durante uma turnê no verão de 1980, numa tentativa de se consolidar no mercado norte-americano, Marley desmaiou enquanto corria no Central Park de Nova York. Isso aconteceu depois de uma série de shows na Inglaterra e em Nova York, mas a doença o impediu de continuar com a grande turnê agendada. Marley procurou ajuda, e decidiu ir para Munique para tratar-se com o especialista Josef Issels por vários meses, não obtendo resultados.
Segundo seu filho Ziggy Marley, Bob se converteu ao cristianismo antes de morrer, em 1977. O motivo seria que, segundo a religião rasta, o corpo é um templo sagrado e por isso retirar o câncer seria errado. Marley teria descoberto muitas semelhanças entre o rastafarianismo e o cristianismo, e decidido que seu corpo deveria ser tratado. O próprio Ziggy ainda tenta espalhar o legado de seu pai, com ideais e raízes do rastafarianismo e do reggae, mas com um entendimento cristão.
Um mês antes de sua morte, Bob Marley foi premiado com a Ordem ao Mérito Jamaicana. Ele queria passar seus últimos dias em sua terra natal, mas a doença se agravou durante o vôo de volta da Alemanha e Marley teve de ser internado em Miami. Ele morreu no hospital Cedars of Lebanon no dia 11 de maio de 1981 em Miami, Flórida, aos 36 anos.
Seu velório na Jamaica foi uma cerimônia digna de chefes de Estado, com elementos combinados da Igreja Ortodoxa da Etiópia e do Rastafarianismo. Ele foi enterrado em uma capela em Nine Mile, perto de sua cidade natal, junto com sua guitarra favorita, uma Fender Stratocaster vermelha.
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