quarta-feira, 9 de novembro de 2011

33 anos sem Dener Pamplona de Abreu.

Dener Pamplona de Abreu nasceu em Belém do Pará, aos 3 de agosto de 1937. Dener faleceu em São Paulo, aos 9 de novembro de 1978, com 41 anos de idade.
Foi um estilista brasileiro, um dos pioneiros da moda no Brasil.

Em 1945 sua família mudou-se para o Rio de Janeiro, onde começou a desenhar seus primeiros vestidos. Seu primeiro contato com a moda teve lugar em 1948, com apenas treze anos de idade, na Casa Canadá, então importante butique carioca.

Dois anos depois, em 1950, após fazer o vestido de debutante de Danuza Leão, foi contratado para um estágio com Ruth Silveira, dona de um importante ateliê, onde aprimorou seus desenhos. Em 1954 transferiu-se para São Paulo para trabalhar na butique Scarlett. Três anos depois, inaugurou seu próprio ateliê, denominado Dener Alta-Costura, na praça da República. No ano seguinte ganhou dois prêmios por sua coleção, sendo descoberto pelos meios de comunicação. Seu ateliê foi então transferido para a avenida Paulista.

Em 1963, já prestigiado, foi escolhido o estilista oficial da primeira-dama da República, Maria Teresa Fontela, esposa de João Goulart. Era também amigo da primeira-dama, que disse sobre ele: Dener foi muito importante nesta minha vida, a pública, porque a gente pode pensar que não é, mas postura é uma coisa importante.

Dener casou-se em 1965 com Maria Stella Splendore, uma de suas manequins (como se chamavam à época as modelos de passarela), de quem se separaria quatro anos mais tarde. Teve dois filhos do casamento, Frederico Augusto (morto em 1992) e Maria Leopoldina, que em 2007 morava com a mãe numa comunidade hare krishna no interior de São Paulo.

Em 1968, fundou a "Dener Difusão Industrial de Moda", considerada a primeira grife de moda criada no Brasil. Em 1970 foi convidado a participar do júri do "Programa Flávio Cavalcanti". Dois anos depois lança sua autobiografia, Dener - o luxo, e o livro Curso Básico de Corte e Costura. Ao longo dos anos 70, Dener disputou com Clodovil Hernandes o titulo de papa da alta costura brasileira.

Em 1975 casou-se novamente, desta vez com uma cliente, Vera Helena Camargo, separando-se em 1977. Seus problemas com o alcoolismo agravaram-se em 1978, morrendo em 9 de novembro do mesmo ano em decorrência de uma cirrose hepática.


Dener considerado um "luxo" de estilista, foi o grande responsável pelo reconhecimento que moda brasileira tem hoje. Deixou um legado e muita história para contar.

Publicidade

Dener foi precursor da nossa alta-costura, criando para as socialites da época que só compravam suas roupas na Europa, roupas nacionais com estilo próprio. Vivendo cercado de glamour e afetação, o estilista soube usar o poder da mídia a seu favor. Vestiu muitas clientes famosas, inclusive a ex- primeira-dama, Sara Kubitscheck e também Maria Teresa Goulart, e se transformou em celebridade.

Jose Gayegos foi assistente de Dener por alguns anos e conta que ele sempre quis ser estilista. "Aos 13 anos, ele pegava fotos de artistas famosos e ‘criava’ modelos para eles. Começou a vida profissional na Casa Canadá, do Rio de Janeiro, ainda muito jovem, com 15 ou 16 anos, e em 1957, com 20, mudou para São Paulo e abriu seu primeiro ateliê, na Praça da República. Nessa época, era o lugar mais chique da cidade. Sua trajetória foi fulminante. Tornou-se, graças ao talento e comportamento pessoal, uma celebridade. Em 1959, já desfilava na 2ª FENIT".

Gayegos, que também se tornou um grande estilista, lembra de uma situação inusitada que aconteceu quando ele trabalhou com Dener. "Logo na primeira semana, ele, impressionado com minha figura e roupas (eu tinha acabado de chegar de Paris e Londres) disse: "Você. Vai apresentar meu desfile no clube paulistano. Eu quase morri, porque era tímido até pra tocar campainha! Mas não teve jeito: mesmo tremendo, suando em bicas, fui apresentar o desfile.

Eu nunca tinha falado em público antes, tinha 20 anos. No meio do desfile, sem querer, encostei os lábios no microfone, tomei um choque e dei um grito assustador que ecoou pelo salão. Aí pensei: ‘meu Deus, sonhei tanto em trabalhar com ele e agora ele vai me mandar embora por causa desse grito’. De onde eu estava, dava para vê-lo nos camarins. Olhei, achando que ele ia me matar, e o vi dobrado de tanto rir".

Mais que mestre e aluno, os dois estilistas se tornaram amigos íntimos. Tanto que, em 1967, quando Gayegos resolveu montar seu próprio ateliê, Dener ajudou na decoração e ainda foi prestigiar a inauguração. Outro ilustre convidado na festa foi Clodovil.
De personalidade forte, Dener criava não só roupas, mas até um vocabulário todo especial para expressar que desejava. "Ele sempre criava expressões e ‘um luxo’ marcou muito, mas uma outra - ‘divino, maravilhoso’ - acabou virando até música do Caetano Veloso.

Ele era muito espirituoso, vivia criando frases tipo ‘não vamos sair por aí feito umas loucas’, ou então ‘essa roupa é uma uva’", diz o ex-assistente.
Para ele, Dener marcou e modificou não só a moda brasileira, mas também a vida de cada um que cruzou seu caminho. "Ele mudou tudo, já que eu pretendia ser advogado! Ninguém que, de alguma forma, passou por perto dele, deixou de ser influenciado. Sob o ponto de vista profissional, aprendi muito com ele e no ateliê, mas naquela época minha visão de moda era diferente da dele. Eu achava que o prêt-à-porter e o jeans, áreas em que me especializei, eram o futuro da moda e ele detestava isso, muito chique que era".

Depois de trabalhar com Dener, Gayegos teve seu ateliê até 1970, quando foi estudar na mais antiga escola de moda do mundo e única reconhecida pelo governo francês, a Esmod. Chegou a criar coleções de jeans para os licenciados no Brasil de Valentino, Dior, Paco Rabane, Ted Lapidus, Azzaro, Fendi, Lee, Allstar, Beatles 4 Ever, Mc Chad, entre outras. Foi coordenador de moda e relações internacionais do Senac São Paulo. Hoje, o estilista que aprendeu muito do que sabe com Dener pode ser visto no programa "Rendas e Babados", do qual é apresentador, às quartas-feiras, das 21h05 às 22h. O endereço é www.alltv.com.br. Gayegos é dono do maior acervo sobre a obra de Dener. Tem roupas, chapéus, acessórios e mais de 70 desenhos originais, além de material iconográfico único, com revistas e fotos da época. Um luxo!

Frases célebres de Dener:

"Há uma diferença grande entre mulher bem vestida, mulher chique e mulher elegante. Agora criei uma nova categoria: a mulher luxo"
"Nenhum país tem moda própria, se não tiver uma excelente alta costura"
"Eu gosto de gente, mas acho multidão sempre cafona. Multidão só é boa quando aplaude"

Livros
A vida de Dener é contada em dois livros biográficos, O Bordado da Fama - Uma Biografia de Dener (de Carlos Dória, editora Senac) e A Ópera de Dener (de Maria Doria, não editado). Apesar do nome de família em comum, os escritores não são parentes. Dener também escreveu uma autobiografia, intitulada Dener - o luxo, editada pela editora Laudes, do Rio de Janeiro, em 1972. O livro foi relançado pela editora Cosac Naify em agosto de 2007.


Atuações

Foi jurado do programa de televisão do apresentador Flávio Cavalcanti. Participou, em 1972, como figurante, do drama da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, sob a direção de José Pimentel.

Nenhum comentário:

Postar um comentário