quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Berlusconi renuncia, após crise européia.

O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, anunciou na noite desta terça-feira (8) que o pressionado premiê Silvio Berlusconiaceitou renunciar ao cargo, tão logo consiga aprovar as medidas de ajuste econômico exigidas pela União Europeia.

O anúncio ocorre horas depois de o contestado premiê de centro-direita ter perdido a maioria absoluta na Câmara dos Deputados, o que fez a oposição intensificar os pedidos pela sua saída, que já eram crescentes.
A decisão foi anunciada após encontro entre o premiê e o presidente Napolitano

Segundo o comunicado, Berlusconi se disse preocupado com a "urgente necessidade de dar respostas pontuais às expectativas dos sócios europeus, com a aprovação dos Orçamentos de 2012, oportunamente emendados seguindo as observações e propostas da Comissão Europeia".
Feito isso, o premiê colocará o cargo à disposição de Napolitano, que fará as consultas habituais a todos os partidos políticos  para formar um novo governo.

O governo Berlusconi precisa aprovar no Parlamento uma emenda aos Orçamentos de 2012, definida há uma semana pelo Conselho de Ministros.
Nela, estão as primeiras exigências feitas pela União Europeia a Berlusconi para tentar garantir a estabilidade financeira do país e evitar o contágio da crise na Zona do Euro, que poderia se estender a toda a economia mundial.
A aprovação no Parlamento estava prevista para acontecer até o fim de novembro, mas o processo pode ser acelerado após o anúncio da iminente renúncia.

Berlusconi, ao sair da reunião, disse que só acredita na possibilidade de eleições antecipadas, mas que isso deverá ser decidido por Napolitano. A outra opção é a formação de um governo provisório de técnicos.

Pressão e instabilidade

Boatos sobre a possível renúncia de Berlusconi e pressões para que ele saia do governo cresciam desde a semana passada, em meio à desconfiança de que seu gabinete não conseguiria sobreviver à votação desta terça.

Pouco antes da votação, o líder da Liga Norte, Umberto Bossi, já havia pedido a saída do premiê.
"Nós pedimos ao primeiro-ministro para renunciar", Bossi disse a jornalistas em frente ao Parlamento. Ele havia se encontrado com Berlusconi na noite de segunda.

Bossi sugeriu que Angelino Alfano, secretário-geral do governista Partido da Liberdade e considerado o herdeiro político de Berlusconi, deveria assumir o governo.

Ex-ministro da Justiça do governo Berlusconi, Alfano poderia receber um apoio relativamente grande para liderar um governo de transição no qual entraria a oposição centrista.

Acredita-se que a Liga Norte, junto com muitos membros do PDL, esteja querendo que Berlusconi abra caminho para um novo governo de centro-direita, capaz de combater a crise econômica e restaurar a confiança dos mercados sem a necessidade de passar o poder para um governo de transição.

Na segunda, o contestado premiê de centro-direita, envolvido em vários escândalos, garantiu que não iria renunciar. No fim de semana, ele havia garantido que ainda tinha apoio parlamentar para governar.
Aparentemente, ele estava tentando negociar a volta dos dissidentes de seu partido, o que não ocorreu.

Os mercados financeiros reagem com instabilidade à incerteza política no país, em meio à crise da Zona do Euro.

Com a esperada renúncia de Berlusconi, cabe ao presidente Napolitano decidir se convoca eleições antecipadas ou se nomeia um novo governo. Um nome bastante citado para liderar um possíve governo técnico é o de Mario Monti.

A oposição de centro-esquerda tenta há tempos derrubar Berlusconi, envolvido em polêmicas, escândalos sexuais e processos criminais.
Os opositores também acusam o premiê de ter prioridades legislativas diretamente ligadas a seus interesses empresariais, em detrimento das necessidades do país.

No entanto, a oposição nunca conseguiu "emplacar" um líder forte, com um bom programa, para apresentar como opção a Berlusconi.
O medo é que a Itália não consiga cumprir os pagamentos de seus débitos, de cerca de US$ 2,6 trilhões, e precise de ajuda internacional.

A Europa teme que um programa de auxílio desta magnitude possa quebrar a Eurozona e arrastar consigo a economia global.

Na reunião de cúpula do G20, na semana passada, Berlusconi pediu ao FMI que monitore as reformas econômicas do país.

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