sábado, 4 de junho de 2011

TALENTO: BIBI FERREIRA E SEUS 80 ANOS DE SUCESSO!!!

Grande estrela do teatro brasileiro, a atriz, cantora e diretora segue incansável aos 83 anos, brilha no espetáculo Bibi in Concert III POP, visto por 30 mil pessoas, só usa salto 15 mesmo em casa, gosta de reunir a família e diz que não viverá mais um grande amor
Bibi Ferreira, pseudônimo de Abigail Izquierdo Ferreira, nasceu em Salvador no dia10 de junho de 1922, é uma atriz, cantora, diretora e compositora brasileira.
Filha do ator Procópio Ferreira e da bailarina espanhola Aída Izquierdo. Nem Bibi sabe ao certo o dia em que nasceu. A mãe dizia que ela nascera em 1º de junho; o pai falava que a data era 4 de junho mas, sua certidão de nascimento traz a data de 10 de junho.
Fez sua estreia teatral aos 24 dias de vida, na peça Manhãs de Sol, de autoria de Oduvaldo Vianna, substituindo uma boneca que desaparecera pouco antes do início do espetáculo. Logo após os pais se separaram e Bibi passou a viver com a mãe, que foi trabalhar na Companhia Velasco, uma companhia de teatro de revista espanhola. Seu primeiro idioma, até os quatro anos, foi o espanhol. O idioma português e o grande amor pela ópera ela viria a aprender com o pai.
De volta ao Brasil, tornou-se a atriz mirim mais festejada do Rio de Janeiro. Entrou para o Corpo de Baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, onde permaneceu por longo tempo, até estrear na companhia do pai. Aos nove anos teve negada a matrícula no Colégio Sion, em Laranjeiras, por ser filha de um ator de teatro. Completou o curso secundário no Colégio Anglo Americano e aperfeiçoou os estudos de balé em Buenos Aires, no Teatro Colón.
Sua estreia profissional nos palcos aconteceu em 1941, quando interpretou "Mirandolina", na peça La locandiera. Em 1944, montou sua própria companhia teatral, reunindo alguns dos nomes mais importantes do teatro brasileiro, como Cacilda Becker, Maria Della Costa e a diretora Henriette Morineau. Pouco mais tarde, foi para Portugal, onde dirigiu peças durante quatro anos, com grande sucesso.
Na década de 1960, vieram os sucessos dos musicais, como Minha Querida Dama (My Fair Lady), estrelado por Bibi e Paulo Autran. Nessa época atuou também em musicais de teatro e televisão. Em 1960, iniciou a apresentação na TV Excelsior de São Paulo, de Brasil 60 (61, 62, 63, etc, conforme o ano), um programa ao vivo, que durante dois anos levou à televisão os maiores nomes do teatro.
Bibi Ferreira participou, atuando ou dirigindo, de alguns dos grandes espetáculos teatrais e musicais montados no Brasil. Em 1970, dirigiu Brasileiro, Profissão: Esperança, de Paulo Pontes (foi numa das versões desse espetáculo que pela primeira vez dirigiu a cantora Maria Bethânia, na outra versão dirigiu Clara Nunes); em 1972, atuou em O Homem de La Mancha ao lado de Paulo Autran, com tradução de Paulo Pontes e Flávio Rangel, além das verões de Chico Buarque e Ruy Guerra para as canções; em 1975, participou de Gota d'Água, de Chico Buarque e Paulo Pontes; em 1976, dirigiu Walmor Chagas, Marília Pêra, Marco Nanini e 50 artistas em Deus Lhe Pague, de Joracy Camargo.
Na década de 1980, dirigiu de textos comerciais a peças de dramaturgia sofisticada, de musicais de grande porte a dramas intimistas. Em 1980, dirigiu Toalhas Quentes, de Marc Camoletti; em 1981, Um Rubi no Umbigo, de Ferreira Gullar, e Calúnia, de Lillian Hellman. No mesmo ano, com sua produção e direção, estreou O Melhor dos Pecados, de Sérgio Viotti, promovendo a volta aos palcos de Dulcina de Moraes, após vinte anos de ausência. Em 1983 voltou aos palcos com Piaf, a Vida de uma Estrela da Canção, espetáculo de grande sucesso de público e crítica. Por sua atuação recebeu os prêmios Mambembe e Molière, em 1984 e, no ano seguinte, da Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo (APETESP) e Governador do Estado. O espetáculo, que fez muitas viagens, permaneceu seis anos em cartaz e, em quatro anos, atingiu um milhão de espectadores, incluindo uma temporada em Portugal, com atores portugueses no elenco.
Dirigiu ainda inúmeros programas de televisão e shows de artistas da música popular brasileira, como Maria Bethânia nos anos 70 e 80.
Nos anos 90, Bibi Ferreira reviveu seus maiores sucessos, remontando Brasileiro, Profissão: Esperança e fazendo um espetáculo em que cantava canções e contava histórias de Piaf. Em Bibi in Concert, comemorou 50 anos de carreira e, depois de anos de temporada, fez o Bibi in Concert 2. Em 1996 recebeu o Prêmio Sharp de Teatro. Encenou Roque Santeiro, de Dias Gomes, em versão musical. Em 1999, dirigiu pela primeira vez uma ópera, Carmen de Georges Bizet.
No ano de 2001, Bibi estreia no Rio de Janeiro o espetáculo Bibi Vive Amália, no qual contava e cantava a vida da grande fadista portuguesa Amália Rodrigues.
No ano de 2003 foi homenageada pela escola de samba carioca Viradouro
Em 2003 dirigiu Antônio Fagundes em Sete Minutos. Em 2004, lançou CD e DVD do show Bibi Canta Piaf, em que a artista interpretava a cantora francesa Edith Piaf. Em outubro de 2005, Bibi Ferreira estreou o show Bibi in Concert III - Pop, em São Paulo.
Em 2007 Bibi voltou ao teatro de prosa em Às favas com os escrúpulos, de autoria de Juca de Oliveira e dirigida por Jô Soares.
Em 2009, em pleno Ano da França no Brasil, voltou ao palco do Maison de France para uma curtíssima temporada de "Bibi canta e conta Piaf", do alto dos 87 anos, quando cantou Piaf e La Marseillaise, além do Chant des partisans.

Uma imponente biblioteca chama atenção no amplo apartamento de Bibi Ferreira, no bairro do Flamengo, no Rio. São 4.500 títulos, organizados cuidadosamente por temas. Na sala, um piano de cauda antigo alegra o ambiente, que tem uma das vistas mais encantadoras da cidade: o Pão de Açúcar. Pelos cômodos, circulam, um tanto desconfiados, quatro gatos siameses de cor acinzentada: Linda, Sansão, She e Filha da Mãe, que ganhou esse nome incomum por ser a mais temperamental. Os bichos de estimação, assim como a música e a literatura, são os grandes companheiros desta atriz, cantora e diretora, senhora de 83 anos e múltiplos talentos, que em 2005 brilhou com o espetáculo Bibi in Concert III POP, visto por mais de 30 mil pessoas. É o mais recente sucesso dessa grande dama do teatro brasileiro, cuja trajetória honra o legado do pai, o lendário Procópio Ferreira.
No espetáculo, Bibi canta durante uma hora e vinte, de pé, em cima de um salto 15 – que ela usa até em casa, para disfarçar seu 1,57 metro de altura. A memória, tão boa quanto na juventude, lhe permite decorar todo o repertório, que vai de Edith Piaf a Chico Buarque. “Ela é o exemplo mais acabado entre nós de um gênio, é uma instituição cultural”, elogia Juca de Oliveira, que teve quatro peças de sua autoria dirigidas por ela. “Difícil encontrar alguém tão dotado, com um talento enorme que se multiplica em várias direções.” Ele tem razão. Em 65 anos de carreira, Bibi fez de tudo. Virou estrela aos 18 anos, contracenando com o pai. Três anos depois, já comandava sua companhia de teatro e estreava no cinema como protagonista. Com menos de 25, começou a se destacar como diretora – e hoje tem no currículo espetáculos tão diversos quanto a ópera Carmen, de Bizet, e shows de Maria Bethânia.
Nos anos 50, Bibi reinventou o teatro de revista no Brasil e na década seguinte fez sucesso ao apresentar programas na tevê e dar início aos grandes musicais. Estrelou Gota D’Água, de Paulo Pontes e Chico Buarque, e arrastou multidões aos teatros cantando Edith Piaf e Amália Rodrigues. “Bibi é uma atriz de recursos absolutos, a melhor que temos no País”, reforça Juca. “Além de ser uma excepcional intérprete: cantora popular absolutamente fora dos padrões, que opera muito bem no canto lírico.” A versatilidade da artista que canta, dança, representa e dirige reflete-se em sua vida, seus gostos. Hoje, repousa na cabeceira de Bibi – ler antes de dormir é um hábito – o primeiro volume do clássico Os Thibault, de Roger Martin du Gard. Mas ela é capaz de devorar com igual interesse best-sellers da atualidade: os livros de Dan Brown, autor de O Código Da Vinci, e as aventuras de Harry Potter.
“Gosto de tudo que se torna popular”, explica. Como ela própria. Fora da tevê há 25 anos, nunca deixou de sentir na rua o carinho do público, como se fosse estrela da novela das oito. Repetiu o exemplo do pai e foi enredo de escola de samba. Desfilou na Viradouro em 2003, ovacionada nas arquibancadas, que gritavam seu nome em coro. Recebe e-mails do mundo todo e tem até comunidade no Orkut, com centenas de associados. Embora ache a internet fascinante, não deixou-se seduzir. Prefere os meios convencionais de comunicação: o telefone, as cartas, o telegrama – seu favorito. A preferência tem razão de ser. Econômica nas conversas, Bibi é sucinta também nas palavras escritas. Escrever não é seu forte, prefere ler, tocar piano sem platéia, ou assistir a filmes comendo jujuba, acompanhada de seus gatos.
Ter prazeres tão individuais, porém, não significa que Bibi seja uma mulher solitária. Faz questão de ter a única filha, Teresa Cristina, 50 anos, os dois netos e os dois bisnetos sempre por perto. São tradicionais os jantares de domingo, nos quais reúne também os amigos. Contudo, embora defina-se como uma “atleta da palavra”, não gosta de conversar. Longe da ribalta, prefere calar. “Talvez eu não seja curiosa o suficiente para saber o que as pessoas querem me dizer”, admite. De um companheiro, assegura não sentir falta. Depois de dois casamentos e quatro “ligações amorosas”, mostra-se conformada com a previsão pessimista de que não viverá outro amor. Futuro traçado pelos homens e vislumbrado aos 78 anos. Foi nessa época que Bibi percebeu que eles já não a tocavam mais, já não a encaravam da mesma maneira e desapareceram. “Percebi que a velhice tinha chegado por causa dos homens.”
Por um lado, sentiu alívio. De se ver livre do ciúme e da insegurança exagerados que a dominavam quando se apaixonava. “Por minha culpa, nunca fui feliz no amor. Bota do meu lado um camarada de quem gosto que fico burra, cretina, ciumenta, insuportável.” Mas sofreu com o baque de conceber a vida sem sexo, mesmo admitindo que hoje não teria mais coragem de se desnudar. Para uma mulher da década de 20, ela fala do assunto com surpreendente desenvoltura. “Pensar que ninguém mais vai me dar um beijo na boca, me segurar num abraço e me olhar nos olhos... Embora não seja mais importante que comida, sexo é importante sim.” Bibi não se deixou abater. Reagiu investindo toda a energia no trabalho. Uma energia pouco usual para quem tem 83 anos. “Sou uma pessoa fora do comum. Com a minha idade, fazer tudo que eu faço nesse show não é normal”, afirma.
Parar não faz parte dos planos enquanto a saúde continuar jogando a favor. Mesmo com seu nome gravado na história da dramaturgia brasileira, Bibi ainda depende do trabalho para sobreviver. Com orgulho. No próximo dia 18, o ritual se repetirá: uma banana bem mastigada duas horas antes e manteiga derretida dentro do café vinte segundos antes de respirar fundo e subir ao palco, montado no Jardim Botânico de São Paulo, onde vai cantar Piaf acompanhada da Orquestra Sinfônica paulista. Em janeiro, volta ao Teatro Frei Caneca para mais uma temporada de Bibi III. Em março, lança um CD de tangos com o maestro Miguel Proença. E, em 2007, quer voltar a encenar uma comédia. A cristaleira abarrotada de prêmios, meio escondida na penumbra do escritório, um pouco desorganizada em contraste com a biblioteca, dá a perfeita noção de que prêmios não são o motivo pelo qual Bibi continua cheia de planos. Seu maior combustível é, na verdade, o aplauso

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