Assim como Philip Seymour Hoffman e “seu” Truman Capote, Mirren despontou como melhor atriz em 2006 e abocanhou os principais prêmios cinematográficos do ano pela sua interpretação da Rainha Elizabeth 2°. Sua interpretação contida e o viés humanizado do roteiro, fizeram com que toda a frieza da monarquia inglesa viesse abaixo com as nuances na composição de personagem feita por Miller.
A Academia parece aprovar e “coroar” atores que interpretam pessoas reais. Foi assim com Hilary Swank (Meninos Não Choram - 1999), Reese Whiterspoon (Jhonny e June - 2005), Forrest Whitaker (O último Rei da Escócia -2006), Cate Blanchett (O Aviador -2004), Nicole Kidman (As Horas -2002) - só para citar alguns. Embora o roteiro de Peter Morgan não seja baseado em diálogos reais – se trata de uma suposição – a personagem é grandiosa por si só.
A mulher dividida entre o conservadorismo da monarquia, a modernidade e as jogadas da mídia, revela um sistema falido que se sustenta, sabe-se Deus por que. A república pode funcionar na prática, mas o que o filme de Stephen Frears (Sra Henderson apresenta) mostra, é um sistema “capenga”. No fundo, o filme é uma crítica declarada. Para que serve uma rainha nos dia atuais?
O filme examina os dias após a morte da Princesa Diana, desafeto declarado da família real, o poder da mídia – nas decisões da realeza - e a manipulação de quem esta no poder. O jogo armado para que a monarquia não contrarie seus súditos, só revela a hipocrisia de quem detém o poder. As jogadas de Tony Blair é outro excelente exemplo do poder da manipulação das palavras.
A referencia que há entre a morte de Diana e o animal que a rainha visualiza durante um passeio pela sua propriedade é o grande momento do filme. A rainha está fragilizada com a pressão, se comove com um animal, porém é incapaz de fazer o mesmo pela sua ex-nora. O restante da família de Diana não faz diferença: os filhos de Diana não aparecem e Charles é nada menos que uma peça no jogo.
A Rainha não é um filme arrebatador e sua interpretação não é perturbadora como a professora de Judi Dench (Notas sobre um escândalo), que merecia tanto quanto ou até mais que Mirren, a estatueta. O filme é antes de tudo uma grande hipótese sobre uma realidade baseada em aparências.
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