sábado, 24 de outubro de 2015

Androgenia e Underground.

25 de outubro de 2015 2h43m horário de verão 17° tá friiioo.

Em meados do ano de 1989, não lembro bem a data , mas,  recordo ser numa quarta feira,  o dia de ouvir discos na sala. 
Mamãe ganhou uma vitrola linda num baú mogno rústico sabe,  mas, com bom acabamento.
Era festa as quartas feiras.

Minha irmã saiu , adolescente revoltada,  mas,  tinha esquecido o vinil de uma amiga que pegará emprestado.

Corri em cima da cama dela e peguei um vinil com o nome David Bower.

Levei pra sala , coloquei o vinil bolachão na vitrola e comecei ouvir.

Minha mãe não gostou muito, a canção era life on marxs , mamãe achou deprimente,  eu curti , mas não entendia como minha irmã sendo tão malévola iria gostar de um cantor sensível como aquele.  Parecia cantar com a alma.
Sem contar que é dono de um par de Olhos encantador.
Em seguida, minha irmã chega e o que eu esperava, correu pro quarto dela foi a cama não encontrou o disco e veio perguntando e gritando, pois é do feitio dela gritar até hoje.
- Alguém viu um disco na cama?
Eu peguei, respondo com a cara mais lavada do mundo,  coisas de curioso.

Devolve aqui vou levar de volta pra minha amiga , papai não vai gostar de saber que ta ouvindo este disco,  este cantor é diabólico,  ele segue uma seita chamada Androgenia.
Papai disse na igreja que isto é coisa do Demônio.

Então porquê está ouvindo?
Perguntei!

Ela disse , nem ouvi, só pela cara deste bicha dá pra ver, disse ela!

Bom,  resumindo, devolvi o vinil e assustado em saber que minha família achava aquele homem loiro e dono de um par de Olhos esverdeado era demoníaco.

Fiquei mau.

Daí passaram se os anos e na época emposta estava com 9 pra 10 anos.

Já na puberdade e adolescência,  entre 12 e 16 anos comecei a fazer parte de uma tribo de apaixonados por uma batida nova que chegava no Morro.
O Underground!

Entre Lina Stensifild , Angelina,  Whigfield e seus songs , até um som mais pesado como Prodydy a um nostálgico dAft pUnk , dj bobo fazia a festa naquela época.

Cabelos e tapetes coloridos,  roupas compradas em brechó com muito veludo e cores.  Sapatos extravagantes,  assim era a vida de um "Clubber" ou Clãber como diziam.

Na verdade não sabia o porquê daquele rótulo,  mas,  tudo, me fez crer que veria de novo aquele Deus de olhos claros,  que minha família dizia ser demoníaco,  conheci, uma garota e ela tinha herdado da mãe alguns vinis,  esta garota eu achava tão espetacular que ela conseguia, ler,  ouvir música e conversar ao mesmo tempo.
Seu inglês perto do meu verbo to be era fluente.

Fussando sua escrivaninha ao lado uma caixa de papelão no chão,  curioso que sou abri e vi alguns vinis,  estranho,  pois ela já tinha um microsistem que tocava CD.
No entanto, uma lista de relíquia cheirava naftalina dentro da caixa.

1•Pássaro da manhã de Maria Bethânia.
2° o tempo não para Cazuza.
3° Lobão
4° Queem
5° Ele o mais belos dos belos.  David Bower naquele mesmo álbum de anos atrás.  Álbum Space Oddity.

Aquela capa realmente nunca saiu da minha cabeça.
Um disco de 1969 atemporal.  Amo!

Pra minha surpresa,  aquela adolescente,  se tornaria minha melhor amiga.
Me presentou com os 5 discos,  álbum daquela caixa.
Pensa na cena.
Eu chegando em casa com aquela caixa?

Minha mãe surtou e disse que depois de andar todo com roupa rasgada e cabelo colorido estava pegando lixo da Rua.
Não acreditei naquele absurdo.
Afinal, seria capaz de imaginar que ninguém colocaria relíquias daquelas a meio fio.
O tempo passou e lembro que no curso de canto quando estava com 18 anos , cantei a canção let's dance do David. 
Amava ouvir aquela canção repetidamente.

Hoje quase não lembrava mas,  afinal,  minha família nunca gostou de David Bower o invertido como diz meu pai.

Mas assistindo Gaby quase proibida, acompanhei até o final a entrevista que ela fez com um artista performatico de apenas 23 anos e que vem mostrando seu trabalho pelo Brasil e Europa,  Daniel Peixoto seu nome.
Nordestina do Ceará ele teve acesso a David Bower e disse se inspirar no Divo.
Daniel é um anjo,  jeito de príncipe e um futuro Lord.
Pai aos 18 anos,  Daniel diz querer que seu mundo seja legal, para que seu filho também goze deste mundo.

Lembro que na mesma bancada um artista Drag Queem de nome Aretuza Lovi , uma criatura cheia de cores e com um cabelo atencioso e bem arrumado,  óbvio, que um pouco moderno demais kk (risos).

Lembrei dá época de Clubber e de que a moda passa mas o hábito continua.

Deixei de usar roupas e cabelos bem chamativos com a fase e moda de Clubber lá atrás,  mas,  consigo enxergar nesta nova geração aquele Daniel apaixonado pelo David Bower e os hits que tocavam na Sound Factory , na Diesel e na Toco.

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